Josmar Jozino

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Reportagem

Chefe de polícia é preso por acobertar crimes de Tuta, do PCC, na Bolívia

A Polícia boliviana, por meio do departamento especializado de luta contra a corrupção, prendeu ontem o major Gabriel Soliz Heredia, chefe da Felcv (Força Especial de Combate à Violência), acusado de dar proteção ao narcotraficante Marcos Roberto de Almeida, 55, o Tuta, preso no último dia 16 em Santa Cruz de La Sierra.

O criminoso brasileiro foi detido em um posto da Segip (Serviço Geral de Identificação Pessoal) onde tinha ido renovar a carteira de identidade com nome falso. Ele chegou escoltado por um desconhecido. Em seguida Tuta cumprimenta e abraça o major Gabriel Soliz Heredia, chefe da polícia local.

Câmeras de segurança filmaram Tuta abraçando o oficial. O Ministério Público da Bolívia investiga Soliz por influência indevida e por dar proteção ao narcotraficante brasileiro. O major tinha sido afastado das funções logo após o episódio.

Os vídeos flagraram Tuta mantendo contato com duas pessoas. Uma delas era o major da Felcv. A outra é um homem que usava camiseta branca. Os dois fugiram do local. O major acabou identificado e preso.

Envolvimento de Tuta com o major

Eram 10h46 quando Tuta entrou no prédio da Segip. Ele carregava uma pasta e uma bolsa. O brasileiro colocou os objetos em uma cadeira. Poucos minutos depois, ele ligou para o escolta. Na sequência, o segurança do narcotraficante fala com uma pessoa à paisana, vestindo uma camisa preta.

Essa pessoa - segundo a polícia boliviana - era o major Soliz. O oficial se aproxima de Tuta, aperta a mão dele e dá um abraço no criminoso brasileiro. O ex-número 1 do PCC nas ruas teve de entrar sozinho no prédio da Segip para tirar os documentos.

Quando as informações passaram a ser processadas por um estagiário, houve um alerta da Interpol (Polícia Internacional), informando que Tuta era integrante da PCC e que o nome dele estava na difusão vermelha, pois era procurado e condenado a 12 anos no Brasil por associação criminosa e lavagem de dinheiro. O brasileiro acabou preso.

Tuta foi entregue às autoridades brasileiras e transferido para a Penitenciária Federal de Brasília, onde também estão recolhidos Marco Willians Herbas Camacho, 57, o Marcola, e seu braço direito Gilberto Aparecido dos Santos, 54, o Fuminho.

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Rede de policiais corruptos

As forças de segurança do Brasil têm informações de que outros integrantes do PCC estão vivendo em Santa Cruz de La Sierra, onde moram em condomínios de luxo e contam com uma rede de proteção de policiais corruptos.

Entre esses integrantes estariam Pedro Luiz da Silva Soares, o Chacal, padrinho de Tuta no PCC; Patrick Uelinton Salomão, o Forjado; Décio Gouveia Luiz, o Décio Português; Sérgio Luís de Freitas Filho, o Mijão; André Oliveira Macedo, o André do Rap; e Sílvio Luiz Ferreira, o Cebola.

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) apurou que Tuta foi afastado da sintonia final do PCC em 2023, por má conduta, após ser acusado por Valdeci Alves da Costa, o Colorido, de não ter cumprido as ordens determinadas pela organização criminosa, mas acabou "readmitido no ano seguinte.

Uma das missões era o resgate de líderes da facção recolhidos nas penitenciárias federais. Um dos resgatáveis - diz o Gaeco - era Marcola, apontado pela Polícia Federal como o chefe máximo do grupo.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Tuta nem do major Gabriel Soliz. O espaço continua aberto para manifestações. O texto será atualizado assim que houver um posicionamento dos defensores de ambos.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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