Josmar Jozino

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Reportagem

Júri de ex-chefão do PCC começa amanhã no PR e vai expor racha com Marcola

O ex-chefão do PCC (Primeiro Comando da Capital) Roberto Soriano, 51, o Tiriça, começa a enfrentar amanhã mais um júri popular. Ele é acusado de mandar matar o agente penitenciário federal Alex Belarmino de Souza, 36, em setembro de 2016, na cidade de Cascavel, no Paraná.

O julgamento vai expor ainda mais o racha histórico da facção criminosa envolvendo Tiriça e Marco Willians Herbas Camacho, 57, o Marcola - apontado como líder máximo da organização. O conflito entre os dois começou em 2023, após outro júri.

Tiriça foi condenado a 31 anos em 25 de agosto de 2023 como o mandante do assassinato da psicóloga Melissa de Almeida Araújo, 37, da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR). Ela foi morta com tiros de fuzil, em maio de 2017, também em Cascavel.

O Ministério Público Federal usou no julgamento um áudio de Marcola, gravado em junho de 2022 na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO), de uma conversa dele com um agente penitenciário. O chefão do PCC disse ao funcionário que Tiriça era psicopata.

Marcola, líder do PCC, em foto de arquivo do sistema prisional
Marcola, líder do PCC, em foto de arquivo do sistema prisional Imagem: Ministério Público

Inconformado com a condenação e o vazamento do áudio no tribunal, Tiriça chamou Marcola de delator e teve o apoio incondicional de Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, ambos da cúpula do PCC.

Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), os três decidiram expulsar Marcola da facção. Em contrapartida, criminosos ligados a Marcola também anunciaram a exclusão de Tiriça, Vida Loka e Andinho da organização criminosa e essa foi a decisão que prevaleceu.

Novos áudios

No júri de amanhã, a defesa do réu deve apresentar novos áudios captados na Penitenciária Federal de Brasília, onde Tiriça, Marcola e outros presos do alto escalão do PCC ficaram detidos. Gritos de detentos de outras alas hostilizando o chefão da facção foram gravados na unidade.

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Segundo fontes ligadas ao sistema prisional, alguns líderes do PCC, como Antônio José Muller Júnior, o Granada, e Cláudio Barbará da Silva, o Barbará, a princípio ficaram do lado de Tiriça, mas depois defenderam Marcola da acusação sofrida pelos ex-comparsas.

Cláudio Dalledone, advogado de Tiriça, disse à reportagem que o cliente é inocente e já foi inclusive absolvido da acusação de integrar facção criminosa. Segundo o defensor, não há no processo nenhuma prova de que Soriano tenha mandado matar o agente Belarmino.

Dalledone afirmou ainda, sem dar maiores detalhes, que serão apresentados no plenário do júri diversos áudios e vídeos que vão comprovar a inocência do cliente. O advogado acrescentou que o julgamento deve durar ao menos uma semana.

O agente Alex Belarmino sofreu uma emboscada a caminho do trabalho e foi morto com 23 tiros. Ele era de Brasília e tinha ido ao Paraná dar um curso de tiro na Penitenciária Federal de Catanduvas. A vítima deixou dois filhos, à época com seis e nove anos.

A Justiça Federal aceitou denúncia contra 15 acusados de envolvimento na execução da vítima. Seis réus foram condenados em dezembro de 2021. Outros três acabaram condenados em 3 agosto de 2022 e mais três em 21 de setembro de 2023.

Reportagem

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