Josmar Jozino

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Reportagem

Rivalidade do CV com PCC no CE levou cunhada e sobrinho de Marcola à prisão

A disputa pela hegemonia de jogos de azar no Ceará entre o CV (Comando Vermelho) e o PCC (Primeiro Comando da Capital) acirrou ainda mais a rivalidade entre as duas facções e levou à prisão a cunhada e o sobrinho de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, 57, apontado como líder máximo da organização paulista.

Em Fortaleza e outras cidades importantes, o CV espalhou cartazes com ameaças de morte a quem fizesse jogos em casas lotéricas ligadas ao PCC no estado. As mensagens chamaram a atenção das polícias federal, civil e militar.

Um inquérito, coordenado pela PF, foi aberto para apurar o caso. As investigações chegaram à Fort Loteria e apontaram que as atividades dos jogos de azar eram desenvolvidas por pessoas ligadas a Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, 53, irmão de Marcola. Júnior é apontado como líder do PCC no Nordeste, mesmo preso na Penitenciária Federal de Brasília.

A PF quebrou os sigilos fiscais e telemáticos dos investigados com autorização judicial e diz ter apurado vínculo financeiro dos suspeitos com Francisca Alves da Silva, 54, a mulher de Júnior, e de Leonardo Aleksander Herbas Camacho, 26, filho dele com outra mulher.

Em 24 de abril de 2024, Francisca, Leonardo e outros investigados foram presos durante a Operação Primma Migratio. Todos foram denunciados por associação criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas e viraram réus. O processo foi desmembrado e continua tramitando.

A Polícia Federal afirma que Leonardo e Francisca gerenciavam os negócios ilícitos do PCC ligados ao jogo do bicho, tráfico de drogas e de armas no Ceará e trabalhavam para Júnior.

Além deles, também foram presos Geomar Pereira de Almeida —tido pela PF como bicheiro —, a mulher dele e Menesclau de Araújo Souza Júnior, o Coxinha, acusado de gerenciar no Ceará os negócios dos irmãos Herbas Camacho.

A Operação Primma Migratio foi deflagrada pelas FICCO (Forças Integrada de Combate ao Crime Organizado) no Ceará, em ação conjunta com a de São Paulo e a de Santa Catarina, para desmantelar o núcleo gerencial e logístico do PCC cearense.

Movimentaram R$ 300 milhões

A PF informou que foram identificadas movimentações financeiras suspeitas superiores a R$ 300 milhões nas contas dos investigados. Além dos 22 mandados de prisão, foram expedidos outros 36 de busca e apreensão no CE, SP, SC e MS, e autorizado o sequestro de 42 veículos dos suspeitos.

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As investigações duraram dois anos e concluíram que o PCC migrou parte da estrutura gerencial de São Paulo para implantar no Ceará atividades clandestinas, como o tráfico de drogas e armas, a exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro das atividades ilegais em loteria esportiva.

Ainda segundo a PF, parte dos R$ 300 milhões movimentados de forma suspeita nos últimos anos seria empregada na corrupção de servidores públicos. Foi decretada também a prisão de dois oficiais da Polícia Militar do Ceará acusados de integrar o núcleo logístico da organização.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos presos na operação da PF, mas o espaço continua aberto para manifestações. O texto será atualizado caso haja um posicionamento dos defensores dos suspeitos.

Reportagem

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