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Juliana Dal Piva

REPORTAGEM

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A história da visita de Fabrício Queiroz ao Palácio Guanabara

20.04.2021 -- Fabrício Queiroz no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio  - UOL
20.04.2021 -- Fabrício Queiroz no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio Imagem: UOL

Colunista do UOL

23/04/2021 04h00

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Na terça-feira, a coluna revelou que o policial militar Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), esteve na quarta-feira (14), da semana passada, no Palácio Guanabara, sede do governo do estado do Rio de Janeiro.

Ele entrou e estacionou o carro. Estava acompanhado de Evelyn Queiroz, uma de suas filhas. Ela ia tomar posse de um cargo na Casa Civil, como revelou o jornal Folha de S. Paulo. Evelyn tinha sido nomeada no dia 12 de abril.

No tempo que Evelyn levou para fazer os trâmites da posse, assessores do governador em exercício, Cláudio Castro, tomaram conhecimento da nomeação e correram para avisá-lo tanto sobre o "visitante" como sobre a contratação.

Interlocutores do governador disseram à coluna, reservadamente, que Castro não sabia e, ao ser alertado, pediu ao secretário da Casa Civil, Nicola Miccione, que ainda naquela quarta-feira fizesse um ato para tornar sem efeito a nomeação de Evelyn. O documento foi feito ainda naquela noite.

Quem acompanhou esses bastidores, acredita que o emprego foi pedido pela bancada bolsonarista na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) ao governo.

Evelyn abriu em 2015 uma MEI (Microempreendedor Individual) e declarava que fazia serviços de manicure e cabeleireira, entre outros. O CNPJ, porém, foi considerado "inapto" em março deste ano por omissão de declarações.

Ela foi nomeada no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj em dezembro de 2016 e lá permaneceu até que ele foi para o senado, em janeiro de 2019. Ela repassou para Queiroz nesse período um total de R$ 127 mil. Junto com o pai e Flávio, ela foi denunciada pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio) por peculato e lavagem de dinheiro no caso da "rachadinha".

Um outro episódio importante sobre Evelyn que apareceu na investigação é que ela é indicada por Queiroz para pegar documentos e comprovantes de pagamentos com Danielle Nóbrega, ex-mulher do capitão Adriano Nóbrega, líder do Escritório do Crime, milícia de Rio das Pedras. Danielle também foi denunciada e é apontada como outra funcionária fantasma.

O Palácio Guanabara disse, por nota, que o "secretário da Casa Civil recebeu currículos para possíveis nomeações na estrutura estadual". Depois disso, "alguns nomes foram entrevistados pelo subsecretário de Administração e, sem que tivesse sido previamente avaliado pelo GSI, a nomeação foi publicada no Diário Oficial". Quando foi verificado o "parentesco", a nomeação foi cancelada.

A defesa da família Queiroz disse que não iria comentar o episódio.

Queiroz foi preso em Atibaia, na casa de Frederick Wassef, um dos advogados do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) em junho do ano passado. Márcia Aguiar, sua mulher, chegou a ficar foragida por mais de um mês após a prisão ser decretada. A prisão domiciliar monitorada por tornozeleira eletrônica terminou em março deste ano.

O casal agora responde a denúncia apresentada pelo MP ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio em liberdade.