Topo

Juliana Dal Piva

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Advogado de motoboy convocado na CPI defendeu Queiroz e Adriano em 2020

 Fabrício Queiroz, de boné, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, preso em SP - Nelson Almeida/AFP
Fabrício Queiroz, de boné, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, preso em SP Imagem: Nelson Almeida/AFP

Colunista do UOL

30/08/2021 17h29

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Há alguns dias chamou atenção dos integrantes da CPI da Covid o fato de a defesa do motoboy da empresa VTCLOG Ivanildo Gonçalves da Silva ser realizada pelo advogado Alan Diniz Moreira Guedes de Ornelas. O defensor pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a anulação da convocação para o depoimento de Silva na CPI da Covid, marcado para terça-feira (31). O relator é o ministro Kassio Nunes Marques.

Antes disso, porém, o mesmo advogado trabalhava no escritório de Paulo Emílio Catta Preta, advogado que lidera a defesa de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e que atuou antes na defesa do miliciano Adriano Nóbrega.

Segundo Catta Preta, Ornelas deixou o escritório no início deste ano. "Não existe nenhuma vinculação (da defesa do motoboy) com meu escritório", disse o advogado de Queiroz. Ornelas atua sozinho desde que deixou o escritório. Procurado, não retornou.

Na semana passada, uma reportagem do "Jornal de Brasília" mostrou que Ivanildo Gonçalves da Silva sacou um total de R$ 4,74 milhões para a VTC Log, uma empresa de logística com contratos no Ministério da Saúde e responsável pelo transporte de insumos, inclusive vacinas.

Segundo o jornal, o nome de Ivanildo é citado ao longo de um relatório de inteligência financeira (RIF) do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). A maioria dos saques foi em espécie na boca do caixa. No pedido ao Supremo, Ornelas defendeu que seu cliente possui função "de motoqueiro". Por isso, ele "realiza todas as diligências que dependem de deslocamento, inclusive bancárias". Para a defesa, a convocação é "ilegal".

O ministro Nunes Marques ainda não decidiu sobre o pedido da defesa do motoboy.