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Juliana Dal Piva

REPORTAGEM

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Em coquetel com governador do Rio, Garotinho pede desculpas a Eduardo Cunha

Eduardo Cunha é conduzido por agentes - Heuler Andrey/AFP
Eduardo Cunha é conduzido por agentes Imagem: Heuler Andrey/AFP

Colunista do UOL

09/11/2021 16h08

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O governador do Rio, Cláudio Castro, recebeu um grupo de pouco mais de 20 políticos na noite de segunda (8) no Palácio Laranjeiras para um coquetel que celebrou o apoio do União Brasil, criado da fusão de DEM e PSL, ao seu governo. Em determinado momento, Castro cedeu a palavra aos convidados e, após a manifestação de alguns, o ex-governador Anthony Garotinho aproveitou o momento para dizer à publicitária Danielle Cunha que gostaria de se desculpar com seu pai, Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados cassado e preso em 2016 pela Operação Lava Jato. Cunha não estava presente.

Um político presente contou à coluna que Garotinho começou citando uma história que disse ter ouvido de Leonel Brizola, ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, morto em 2004. Garotinho contou que o gaúcho recordou a ele de quando Carlos Lacerda foi atrás do ex-presidente João Goulart no exílio, em plena ditadura, para se desculpar por "excessos" no período anterior ao golpe militar e procurar apoio.

Na história relatada por Garotinho, Jango teria ouvido e, antes de falar qualquer coisa, pediu que Lacerda repetisse o pedido de desculpas na frente de seus filhos. Garotinho disse que citava o caso para falar a Danielle Cunha, presente no coquetel, que recordava que o pai dela tinha estado junto com ele e sua mulher, Rosinha, ex-governadora do Rio, até o fim da gestão dela.

Por fim, Garotinho disse a Danielle que acreditava que muitas coisas que Cunha passou foram injustas e que gostaria de usar aquele momento para se desculpar com ele. O ex-governador não especificou que coisas teriam sido injustas.

O discurso de Garotinho foi feito na frente do governador Cláudio Castro (PL-RJ), do senador Romário (PL-RJ), dos deputados federais Altineu Cortes (PL-RJ) e Chiquinho Brazão (Avante-RJ), sargento Gurgel (PSL-RJ), coordenador da bancada federal fluminense. Ainda estavam lá os deputados estaduais Pedro Brazão (PR-RJ) e Márcio Canela (MDB-RJ) e Antônio Rueda, vice-presidente do União Brasil, entre outros políticos. Fora os integrantes do PL, boa parte desse grupo deve migrar para o União Brasil para disputar as eleições em 2022.

Garotinho passou anos fazendo críticas públicas a Eduardo Cunha. Em 2014, Garotinho escreveu em seu blog que Cunha era um "deputado-lobista", entre outras diversas farpas trocadas publicamente. Em 2011, Cunha escreveu no Twitter que seria bom detalhar "todas as reuniões" que teve com Garotinho. O ex-governador respondeu que o ex-colega de partido devia contar o que fazia após as reuniões.

Eduardo Cunha foi condenado em processos relacionados à Operação Lava Jato em Curitiba, mas foi colocado em prisão domiciliar devido à pandemia e recentemente teve as prisões preventivas revogadas. Em março de 2017, o ex-juiz Sergio Moro condenou Cunha a 15 anos e quatro meses de prisão, em regime fechado, pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Essa condenação foi anulada pelo STF por considerar a Justiça Federal de Curitiba incompetente. Cunha aguarda em liberdade o julgamento de outros processos.

Procurado, Eduardo Cunha não quis se manifestar. Garotinho não retornou.