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Governador do RJ e ministro relator de investigação confraternizam em festa
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O governador do Rio, Cláudio Castro, e o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Raul Araújo Filho, confraternizaram junto com diversos advogados e magistrados na noite da última sexta-feira (10) em uma festa de encerramento do II Congresso Brasileiro de Direito da Empresa.
Em clima de celebração de fim de ano, a festa, que ocorreu em um apartamento na Avenida Atlântica, em Copacabana, foi regada a muito vinho, além de forte presença do Judiciário fluminense. Ao todo, a festa tinha pouco mais de 100 pessoas. Convidados contaram à coluna que Castro e o ministro estiveram juntos e conversaram durante a celebração.
No STJ, o ministro Raul Araújo foi sorteado como relator de uma investigação que tramita em sigilo e apura fatos relacionados a Cláudio Castro e a desvios na saúde oriundos da delação do empresário Edson Torres.
Procurado pela coluna, o ministro disse que "foi palestrante do II Congresso Brasileiro de Direito da Empresa e participou, com mais de uma centena de convidados e participantes, da cerimônia de encerramento". Na nota, o ministro disse ainda que "tratou a todos com cortesia e urbanidade, sem distinção ou privilégio. O ministro esclarece que suas funções como magistrado não são influenciadas por situações ocasionais, como a citada pela reportagem".
A coluna também procurou o governador Cláudio Castro, mas ele não retornou até a publicação desta nota.
Interlocutores do governador contaram que os dois já tinham jantado junto, dias antes, em outra ocasião.
Casos
Há algum tempo, algumas investigações no STJ preocupam o governador do Rio que pretende disputar a reeleição em 2022. Um dos casos é esse sobre os desvios na saúde que, inclusive, resultaram no impeachment de Wilson Witzel e permitiram a ascensão de Castro. Outra investigação que preocupa o governador é relativa aos desvios de dinheiro público na Secretaria Municipal de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida, na Secretaria Municipal de Proteção à Pessoa com Deficiência e na Fundação Estadual Leão XIII.
Em ambos os casos, o governador negou, anteriormente, as acusações a anunciou que iria processar os delatores.
No fim do ano passado, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello, agora aposentado, homologou uma delação do empresário Marcus Vinícius Azevedo da Silva, ex-assessor de Castro. Marcus Vinicius era próximo do governador e trabalhou para ele no período em que o político era vereador, antes de disputar a eleição em 2018.
O empresário foi preso em julho de 2019, na primeira fase da chamada Operação Catarata, deflagrada após investigações do MP-RJ (Ministério Público do Rio) que iniciou a investigação do caso.
Em 2017, antes do período eleitoral, Marcus Vinícius era lotado no gabinete de Castro na Câmara de Vereadores do Rio. Desde o início do governo, a Fundação Leão XIII estava sob responsabilidade da vice-governadoria. Cláudio Castro era vice-governador e assumiu o governo do Rio em setembro de 2020, a partir da determinação de afastamento de Wilson Witzel, por acusações de fraudes durante a pandemia de covid-19.
O conteúdo da delação, que tramitou ao longo de 2020, é mantido em sigilo, mas pessoas envolvidas na negociação contaram para a coluna que há menções ao governador do Rio, deputados federais e outros políticos. O empresário não está mais preso preventivamente e responde ao processo em liberdade.
Segundo o MP-RJ, à época da prisão, Marcus Vinicius fazia parte de um esquema onde foram constatadas "fraudes em diversos projetos sociais assistenciais", entre 2013 e 2018. A investigação apontou que as licitações dos órgãos eram previamente combinadas entre empresários e agentes públicos mediante pagamento de propina. Além de ter sido assessor de Castro, o empresário também é sócio de uma das empresas que obtinham verba com os contratos.
Na época da prisão, o MP também denunciou Marcus Vinícius Azevedo da Silva, que se tornou réu no processo. O caso tramita na 26ª Vara Criminal da Capital do Rio de Janeiro e ainda possui outros 24 acusados. A coluna apurou que, após a prisão, ele decidiu fazer uma colaboração premiada na PGR. Ele teria entregado documentos e cópias de mensagens para corroborar o acordo.
Antes de Marcus Vinicius, o empresário Bruno Campos Selem, outro delator do caso, acusou o governador de receber R$ 100 mil em propina do esquema na véspera da primeira fase da Operação Catarata. A colaboração de Selem foi feita na Procuradoria-Geral do MP do Rio. Ele também entregou extratos e emails. O governador nega as acusações e está processando o empresário.
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