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Juliana Dal Piva

REPORTAGEM

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Sobrinho de Bolsonaro é exonerado após UOL revelar que ele não ia ao Senado

Colunista do UOL

01/07/2022 09h54

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Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, foi exonerado do cargo de assessor da liderança do PL (Partido Liberal) no Senado nesta semana. A demissão ocorreu depois que a coluna revelou, no último domingo, que ele não aparecia no Senado nos horários de expediente desde a primeira semana de março. Ele estava lotado nessa função desde dezembro de 2021. Na página da transparência do Senado, a situação dele consta como "desligado".

Léo Índio é sobrinho do presidente Jair Bolsonaro e primo de Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro. O cargo de Léo no Senado era de auxiliar administrativo júnior e recebia um salário de R$ 5.735,93. A coluna procurou o sobrinho de Jair Bolsonaro na quinta e sexta-feira da última semana e não obteve resposta.

Procurado, o senador Carlos Portinho (PL-RJ), responsável pelo gabinete da liderança do partido até 10 de junho, informou, por nota, que Leonardo era "responsável pelo setor de relações institucionais da liderança com ministérios e demais órgãos de governo" e que atendia as demandas "tanto de forma presencial, como remota".

Segundo os relatos ouvidos pela coluna, já no ano passado Léo Índio frequentava pouco o Senado. No entanto, no breve período de trabalho, ele chegou a levar para sua mesa uma caneca com a inscrição "cloroquina".

Ele é pré-candidato a deputado distrital pelo PL. Em março, estava no Movimento Filia Brasil com o presidente e contou sobre a decisão de disputar um cargo no Legislativo do Distrito Federal.

Ele veio para Brasília após a eleição de Bolsonaro, em 2019, e trabalhou como assessor do senador Chico Rodrigues (DEM-RR) até o parlamentar ser flagrado com R$ 30 mil na cueca.

Antes dos cargos no Senado, Carlos Bolsonaro tentou emplacar Léo no Planalto. A ideia era que ele ocupasse algum cargo na Secretaria de Governo da Presidência da República. No entanto, o sobrinho do presidente foi barrado pelo então ministro da pasta, o general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz.

Auxiliares do ministro, à época, avaliaram que o currículo do sobrinho do presidente não tinha as qualificações necessárias para o cargo no ministério. Léo não possui ensino superior e sua experiência profissional prévia era como vendedor, além de assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), na época da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).

Justamente o período como assessor na Alerj fez com que ele fosse incluído pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) entre os investigados do caso de Flávio na rachadinha do gabinete.

No ano passado, o UOL mostrou que Mariana Mota, ex-chefe de gabinete de Flávio, fez pagamentos de despesas locatárias de uma quitinete no centro do Rio, onde Léo morava. O dinheiro provinha da conta de Mariana, no período em que Flávio foi deputado estadual e que Léo constava como seu assessor na Alerj, ao longo de 2007.

Foram cinco pagamentos. Em fevereiro de 2007, Mariana fez uma transferência identificada como "al.leo" para Norival Dantas, que alugava imóvel para Léo Índio. O valor foi de R$ 503. No mês seguinte, repetiu a operação para Dantas, no valor de R$ 460 -- dessa vez, anotou "condomin".

Atualização às 11h02: Após a publicação das duas notas, Léo Índio enviou uma mensagem para a coluna. "Muito obrigada pelas matérias. Está ótimo. A desinformação de vocês é incrível", escreveu. Depois enviou um link sobre o prazo de desincompatibilização para candidaturas que é 2 de julho. Questionado novamente sobre sua ausência no trabalho no Senado e as investigações sobre rachadinha na Alerj, Léo disse que "não tem conversa com quem mente". A coluna reitera as informações publicadas a partir de relatos e de documentos do procedimento de investigação sobre o caso do senador Flávio Bolsonaro.