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Kennedy Alencar

Adiar as eleições nos EUA é algo sem a menor chance de acontecer

Presidente dos EUA, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca -
Presidente dos EUA, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca

Colunista do UOL

30/07/2020 16h21

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Na manhã desta quinta-feira, o presidente Donald Trump foi ao Twitter para repetir a teoria conspiratória de que haverá fraude em massa com votação via correio e sugerir o adiamento das eleições até que a população possa votar com segurança. Ele fez a sugestão após a notícia do tombo de 9,5% do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA no segundo trimestre.

Trata-se de mais uma forma de tentar tirar credibilidade de uma provável derrota eleitoral, pois o democrata Joe Biden lidera as pesquisas no voto nacional e nos estados decisivos no Colégio Eleitoral. Adiar as eleições é algo que não tem a menor chance de acontecer.

Trump não tem poder para adiar as eleições nem o Congresso possui disposição para fazê-lo. Com maioria democrata na Casa dos Representantes, a ideia já nasce morta. E até lideranças do Partido Republicano, que tem maioria apertada no Senado, rejeitam a ideia.

O número do PIB dos EUA no segundo trimestre deverá minar ainda mais a chance de reeleição de Trump e favorecer Biden. Fica cada vez mais evidente para o eleitorado que o presidente americano é parte do problema, não da solução.

As eleições americanas vão acontecer em 3 de novembro, mas será possível votar antecipadamente ou pelo correio, modalidades criticadas por Trump com frequência.

O presidente americano parece buscar desculpa para uma eventual derrota. Ele já disse que vai esperar o resultado da eleição a fim de ver se o aceita. Ao abusar de bravatas diversionistas, Trump cria mais divisão política no país, desperdiçando uma energia que deveria ser gasta para combater a covid-19, que já matou mais de 150 mil americanos. O presidente Jair Bolsonaro, que tirou a máscara e provocou aglomerações em viagem nesta quinta-feira pelo Nordeste, age com a mesma irresponsabilidade sanitária que dinamita a recuperação econômica.

Como diria James Carville, "é o vírus, estúpidos!".

Qualquer semelhança com o Brasil e suas 90 mil mortes não é mera coincidência.