Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Lei para furar fila da vacina sugere acordo sujo de Bolsonaro com Congresso
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O projeto para a iniciativa privada tentar furar a fila da vacinação contra a covid-19 é um crime contra a saúde pública. Também é a cara da elite brasileira e de autoridades que se omitem na pandemia, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Neste momento, os grandes laboratórios estão vendendo vacinas apenas para governos. O Brasil tem uma rede pública capaz de ser acionada para imunizar a população. Mas faltam as vacinas, que têm chegado a conta-gotas no país.
Permitir que a iniciativa privada entre na competição com o governo para adquirir imunizantes prejudicará as pessoas dos grupos prioritários e os mais pobres.
A vacinação no Brasil acontece de forma lenta e é frequentemente interrompida devido à falta de vacinas.
O Brasil virou uma ameaça sanitária global porque a situação está fora de controle por culpa do presidente Jair Bolsonaro, de seus ministros da Saúde incompetentes e de autoridades que se omitem na pandemia e se tornaram cúmplices do genocídio em curso no país. Há risco de surgimento de novas variantes que possam ser resistentes às vacinas, o que geraria um efeito global negativo.
O mundo está assustado com o que acontece no Brasil, que superou nesta terça-feira a marca de mais de 4 mil mortes em 24 horas. Bolsonaro comete crimes contra os brasileiros e a humanidade.
E o que faz o Congresso Nacional, que poderia votar o impeachment do genocida ou instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os crimes do presidente e de seu governo na resposta à pandemia?
A Câmara preferiu aprovar o projeto fura-fila na noite desta terça-feira. Tudo indica que esse absurdo será aprovado no Senado presidido por Rodrigo Pacheco (DEM-MG), um dos cúmplices de Bolsonaro.
Lira e Pacheco estão mais interessados em indicar ministros e aliados para cargos públicos do que realmente em fazer algo que possa melhorar o combate à pandemia. Ambos adotaram discursos vazios de união nacional para não agir com lealdade à Constituição.
O Brasil tem recursos para comprar vacinas. Não o fez em número suficiente para ter um programa digno de vacinação devido ao negacionismo científico de Bolsonaro. O presidente adotou uma estratégia irresponsável de imunidade de rebanho, o que é uma atitude negligentemente homicida. Mais gente adoece e morre no Brasil por conta disso.
Estados e prefeitos estão pedindo à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que possam ter autorização para importar emergencialmente vacinas porque seus programas estão sendo interrompidos por falta de imunizantes. Não fosse o governador de São Paulo, João Doria, ter agido com responsabilidade e fechado a compra da Coronavac da China, o país não conseguiria vacinar praticamente ninguém. Logo, faz mais sentido deixar que Estados e municípios entrem na competição por vacinas.
Permitir que empresas entrem nesse jogo no auge da pandemia no Brasil só tem uma explicação: um acordo de Lira e Pacheco com Bolsonaro e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para que o poder público abra mão da compra de vacinas em benefício de empresários que não têm um pingo de responsabilidade social.
Para Bolsonaro, é uma forma de dividir responsabilidades por não ter feito corretamente o seu trabalho. Lira e Pacheco atendem aos interesses de uma elite demófoba e egoísta. E boa parte da imprensa faz cara de paisagem, dando os dois lados de uma história na qual um deles é podre e irresponsável. Há claramente um acordo sujo perto de ser aprovado no Congresso.
Se o Senado confirmar a decisão da Câmara, a batata quente deverá cair mais uma vez no colo do Supremo Tribunal Federal, que, se tiver responsabilidade institucional, não permitirá mais essa monstruosidade do atual governo e de seus cúmplices na Câmara e no Senado.
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