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CPI deve tratar Bolsonaro como motorista bêbado que assume risco de matar
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Na pandemia, o presidente Jair Bolsonaro se comporta como um motorista que bebe, decide dirigir e, portanto, assume o risco de matar, diz um senador da CPI da Pandemia.
Segundo ele, o presidente deverá ser apontado pela Comissão Parlamentar de Inquérito como o principal responsável por mais gente ter morrido e adoecido no Brasil. Iniciativa do Senado, a comissão começará os seus trabalhos amanhã.
Especialistas afirmam que o país não precisava ter 400 mil mortes, marca que deverá ser alcançada em breve. A resposta de Bolsonaro à pandemia resultou em crises sanitária e econômica agudas.
Desde o começo do ano passado, Bolsonaro disse que era inevitável a contaminação em massa da população, classificou a covid-19 como "gripezinha", estimulou aglomerações, não usou máscara de propósito, tratou a vacina com desdém, receitou medicamentos ineficazes e sabotou as medidas de quarentena adotadas por governadores e prefeitos. No meio disso tudo, vive ameaçando dar um golpe de Estado com apoio das Forças Armadas.
Quando o deputado Osmar Terra (MDB-RS) e empresários como Roberto Justus e Junior Durski falavam, com desprezo pela vida, em pagar o preço de alguns milhares de mortes para deixar o coronavírus se espalhar pelo Brasil, eles ecoavam a estratégia de imunidade de rebanho implementada por Bolsonaro com negligência homicida.
Imunidade de rebanho é um conceito da infectologia. Significa que existe um percentual alto de determinada comunidade já imunizado (via vacina ou naturalmente ao se curar da infecção). Assim, a taxa de contaminação cai abruptamente e controla a expansão da doença.
Bolsonaro e o seu governo apostaram numa imunidade de rebanho que seria atingida naturalmente. Bastaria deixar o vírus correr livre, leve e solto. Acontece que a covid-19 não é uma "gripezinha". Mata e deixa sequelas em percentual muito maior do que a influenza.
O custo superou em muito as previsões de Osmar Terra, Roberto Justus e Junior Durski, entre outros políticos e empresários que endossaram a estratégia homicida de Bolsonaro.
Simultaneamente, Bolsonaro esticou o período de crise e aumentou os danos à economia com negacionismo científico, maus exemplos sanitários, sabotagem cotidiana a medidas de mitigação e vacinação a conta-gotas. O empobrecimento do país se dá num grau ainda maior do que normalmente aconteceria apenas com a incompetência gerencial do presidente e do ministro da Economia, Paulo Guedes.
A mistura de despreparo com descaso pela vida aumentou o preço que a população paga e pagará por não se sabe quanto tempo. Além de provocar mais mortes, a ação do governo federal deixará com sequelas um contingente maior da população, aumentando a sobrecarga sobre o SUS (Sistema Único de Saúde).
Na lista com 23 acusações de má conduta na pandemia, elaborada pelo próprio governo, Bolsonaro gabaritou. De propósito, ele adotou uma estratégia que provocou mais mortes e doentes. Com previsões que dão conta de 500 mil mortes em julho e 600 mil por volta de agosto, dá para chamá-lo de genocida sem pestanejar.
A CPI da Pandemia terá como missão principal responsabilizar o presidente política e penalmente. "As provas estão todas aí, ok?", ironiza um senador. Esse parlamentar diz que o documento do governo com 23 acusações soa como "uma confissão". Como se fala no direito, a culpa de Bolsonaro é fato notório.
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