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"Jair Peace and Love" não aparece na ONU; apenas o mentiroso de sempre
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Não apareceu na abertura da Assembleia Geral da ONU o Jair Bolsonaro "Peace and Love" que a imprensa brasileira passou esperando nos últimos dias. Num discurso de 12 minutos, o presidente brasileiro disparou mentiras em série, a exemplo do que fez no encontro da Organização das Nações Unidas no ano passado.
Na abertura, em menos de um minuto, contou duas mentiras. Sem a aguardada moderação, a imprensa foi a primeira vítima: Bolsonaro disse que mostraria um país diferente do retratado pela mídia. Depois, declarou que o Brasil não havia tido um caso de corrupção nos últimos dois anos. Na sequência, o alerta de fake news não parou de piscar.
Repetiu a mentira de que assumiu o poder quando havia ameaça de o Brasil se tornar socialista. Ignorante, afirmou que a exportação de serviços de engenharia financiada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) se destinava a "obras em países comunistas".
Com uma economia destruída e desorganizada, disse que o Brasil tem o que o investidor procura. Falou que resgatou a "confiança no governo". Os grupos de checagem terão dificuldade para contar tantas fake news.
Na hora de falar sobre meio ambiente, distorceu dados e mentiu na cara dura. Disse que fortaleceu órgãos ambientais, quando a realidade é exatamente outra. Falou que houve redução do desmatamento na Amazônia usando um dado que comparava agosto deste ano com o do ano passado. Mentira atrás de mentira. A destruição ambiental cresceu sob Bolsonaro.
Racista e intolerante, disse que o Brasil se comprometera com um tratado de respeito aos direitos humanos (Convenção Interamericana contra o Racismo e Formas Correlatas de Intolerância). Em seguida, voltou ao figurino de presidente que espalha violência, ódio, homofobia e misoginia todos os dias e disse: "Temos a família tradicional como fundamento da civilização".
Faltou com a verdade ao falar dos povos indígenas, afirmando que querem "usar a terra para a agricultura e outras atividades". Essa afirmação faz parte da visão bolsonarista de assimilação cultural dos índios.
A parte sobre a pandemia repetiu o discurso do ano passado, dizendo-se preocupado em combater o vírus e o desemprego. Principal responsável por mais gente ter morrido e adoecido no Brasil e por ter sabotado todas as medidas que teriam ajudado numa recuperação econômica, jogou a culpa do desastre no colo de governadores. Na presença de outros chefes de Estado, teve a coragem de defender o "tratamento precoce" que usa medicamentos que não funcionam contra a covid-19.
Disse que a alta da inflação ocorreu devido a medidas de quarentena decretadas pelos Estados. "A história e a ciência saberão responsabilizar a todos", afirmou, talvez num ato falho sobre o que o aguarda no futuro.
Mentindo, tratou como patrióticas e grandiosas as recentes manifestações golpistas que patrocinou: "No último 7 de setembro, data de nossa Independência, milhões de brasileiros, de forma pacífica e patriótica, foram às ruas, na maior manifestação de nossa história, mostrar que não abrem mão da democracia, das liberdades individuais e de apoio ao nosso governo".
O presidente que só é notícia nos EUA por comparecer a Nova York sem se vacinar, encerrou o discurso com uma mentira que soaria como piada não fosse o sacrifício que a sua presença no Palácio do Planalto impõe aos brasileiros: "Meu governo recuperou a credibilidade externa".
Resta aguardar os editoriais e comentários que se repetem há anos no Brasil para explicar por que ainda não apareceu o presidente moderado. Os democratas de pandemia da escolha difícil de 2018 teriam de rebolar se não houvesse tanto óleo de peroba disponível na praça.
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