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Leonardo Sakamoto

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Reprovação de Bolsonaro cai por conta das vacinas que ele tanto atacou

Colunista do UOL

08/12/2021 08h57

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A avaliação negativa do governo Jair Bolsonaro (PL) caiu de 56% para 50%, entre novembro e dezembro, de acordo com pesquisa Quaest encomendada pela Genial Investimentos e divulgada nesta quarta (8). A margem de erro é de dois pontos percentuais.

O avanço da vacinação, apesar da demora do governo na aquisição de imunizantes e dos ataques do presidente à eficácia e segurança desses produtos, está permitindo a retomada segura de atividades econômicas, apesar de cuidados, como o uso de máscaras, não serem indispensáveis. Isso reduz a sua avaliação negativa, ainda que ela se mantenha em um patamar alto.

A queda foi registrada em todas as regiões, exceto no Nordeste, onde oscilou de 60% para 61%. No Centro-Oeste, foi de 54% para 44%, no Norte, de 59% para 50%, no Sudeste, de 54% para 46% e, no Sul, de 54% para 40%. Houve redução também em todas as faixas etárias, níveis de escolaridade, faixas de renda e religião.

Entre as mulheres, a avaliação negativa caiu de 59% para 50% e, entre os homens, de 52% para 49%. Mulheres são mais afetadas que os homens em crises econômicas, especialmente as mais pobres. Por exemplo, serviços domésticos, realizados principalmente por trabalhadoras, foram reduzidos na pandemia e agora está sendo novamente requisitados.

Se o governo Bolsonaro não tivesse ignorado ofertas de vacinas da Pfizer ao longo do ano passado e cancelado contratos de compra da CoronaVac, o processo de imunização no Brasil teria sido ainda mais rápido dada a capacidade logística do Programa Nacional de Imunizações do Sistema Único de Saúde.

Mas ele só se mexeu por um cálculo eleitoral, quando viu que o governador João Doria (PSDB) iria começar a vacinar os paulistas antes dele.

Até agora, 65% da população está completamente vacinada e municípios como São Paulo chegaram a cobrir praticamente toda população adulta.

70% avaliam negativamente Bolsonaro sobre o combate à inflação

A economia continua sendo considerada o principal problema do país, com 41%, mas a retomada das atividades reduziu esse índice, que era de 48% em novembro.

Considerando apenas fatores econômicos, o crescimento econômico, que era considerado o principal entrave por 23%, caiu para 14% entre os principais problemas. Contudo, o desemprego que era de 14% subiu para 18%. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) Contínua do IBGE, o contingente sem trabalho era de 13,5 milhões no final do terceiro trimestre.

E enquanto 47% consideram negativa a forma com a qual Bolsonaro vem lidando com o combate à covid-19, 70% tem avaliação negativa do presidente com relação ao combate à inflação. A alta dos combustíveis, do gás de cozinha, da energia elétrica e dos alimentos tornaram-se um martírio para as famílias de baixa renda, que têm enfrentado inflação mais alta que a dos mais ricos.

A esmagadora maioria da população brasileira parece ter ignorado os ataques do presidente à vacina - ele já afirmou que os imunizantes podem transformar pessoas em jacarés, fazer crescer barba em mulheres, matar adolescentes e causar Aids. Afirmando que as pessoas têm liberdade para não se vacinar, Jaie manteve a entrada no país de não-vacinados, nos transformando em meca de negacionistas.

A retomada da economia, o pagamento do Auxílio Brasil no valor de R$ 400, a possibilidade de usar a máquina de bondades e maldades do governo e também a sua máquina particular de ódio, mantém Bolsonaro como um dos favoritos para a eleição de 2022, apesar de esforços de setores da sociedade e da imprensa em construírem o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) como o substituto óbvio do presidente no segundo turno com Lula (PT).

Nos quatro cenários da pesquisa Quaest, Lula aparece entre 46% e 48% de intenções de votos no levantamento estimulado (quando são apresentadas opções) e Bolsonaro entre 23% e 27%. Moro desponta entre 10% e 11% e o ex-governador Ciro Gomes (PDT), entre 5% e 8%.