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Leonardo Sakamoto

REPORTAGEM

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Após sentir o 11 de agosto, bolsonarismo convoca resposta no 7 de Setembro

11.ago.2022 - Pessoas de concentram diante do prédio da Faculdade de Direito da USP, centro de São Paulo, durante o ato em defesa da democracia - Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo
11.ago.2022 - Pessoas de concentram diante do prédio da Faculdade de Direito da USP, centro de São Paulo, durante o ato em defesa da democracia Imagem: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

11/08/2022 17h25

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Preocupados com as cartas e manifestos pela democracia lidos, na manhã desta quinta (11), na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo, e em outras cidades do país, grupos bolsonaristas no WhatsApp e no Telegram reforçaram o envio de convocações para o 7 de Setembro, alternando-as com ataques aos documentos.

Seguidores do presidente afirmam, em postagens analisadas pela coluna, que as manifestações bolsonaristas marcadas para as festividades do 200º aniversário da Independência do Brasil precisam "humilhar", "destruir" e "apagar" os atos desta quinta.

Eles defendem que os documentos lidos hoje representam uma minoria de "corruptos" e "comunistas". Para eles, a prova disso é que os atos de 7 de Setembro serão "gigantes" por contar com apoio de "brasileiros verdadeiramente patriotas" que discordam do seu conteúdo.

Ironicamente, entre os "comunistas" está a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, que articulou o documento e, até alguns anos atrás, licenciava patos amarelos infláveis em manifestações contra governos do PT na avenida Paulista. Mas também a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), a Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo, entre outros.

O frenesi nos grupos de mensagens traduz o incômodo que vinha sendo demonstrado pelo próprio presidente da República nos últimos dias com os documentos - ora menosprezando o que ele chamou de "cartinhas", ora atacando duramente os empresários que os endossam, dizendo que são "mamíferos" e "caras de pau".

Manifestações pró-democracia estão planejadas para 10 de setembro

Apesar de Bolsonaro não estar neles citado diretamente, os documentos nascem a partir de seus ataques às instituições democráticas e ao sistema eleitoral - como ocorreu, por exemplo, no ato de cunho eleitoral que organizou no Palácio do Planalto para contar mentiras sobre a urna eletrônica a embaixadores estrangeiros.

Vale ressaltar que a comparação entre o 7 de Setembro e o 11 de Agosto é descabida, uma vez que a leitura dos documentos a favor da democracia, organizados pela USP e pela Fiesp, contou majoritariamente com a organização de acadêmicos, juristas e empresários, não sendo planejados como eventos de massa.

Já os movimentos populares prometem ir em peso às ruas no sábado, 10 de setembro para manifestações em prol da democracia pensadas como resposta aos atos bolsonaristas previstos para três dias antes.

Parte das convocações para o 7 de Setembro que circula nos grupos de aplicativos de mensagens, ironicamente, tem ela própria caráter antidemocrático.

Há postagens, por exemplo, que defendem que as Forças Armadas estejam a postos para intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Supremo Tribunal Federal (STF) para "garantir eleições limpas".

Repetem, dessa forma, a informação falsa de que ambas as instituições são integradas por petistas que articulam a vitória do ex-presidente Lula (PT). E ignoram que as únicas ameaças ao sistema de votação partiram, até agora, do próprio presidente. E que o Ministério da Defesa vem ajudando Bolsonaro através de críticas à credibilidade da urna eletrônica e do sistema votação.

As postagens nas redes sociais contra os atos e a favor de 7 de Setembro foram reforçados por nomes de peso, como o empresário Luciano Hang. Em postagem no Twitter, ele afirmou que "a verdadeira carta pela democracia será assinada com a sua presença nas ruas, no dia 7 de Setembro".