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Leonardo Sakamoto

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Para Janones, esquerda deve trocar 'bolha' do Twitter por 'tiozões do zap'

O deputado federal André Janones (Avante-MG) mostra seu celular para Lula - Reprodução/Twitter/André Janones
O deputado federal André Janones (Avante-MG) mostra seu celular para Lula Imagem: Reprodução/Twitter/André Janones

Colunista do UOL

12/08/2022 12h41

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"Enquanto a esquerda não trocar 'renda mínima' por 'dinheiro pro povo', 'carta em defesa da democracia' ao invés de 'carta em defesa do povo', e 'nossas diretrizes de programa' por 'nossas propostas para os brasileiros', o bolsonarismo continuará nadando de braçadas."

O alerta foi feito por André Janones (Avante-MG), em sua conta no Twitter, nesta sexta (12). Criticando o que chamou de "bolha" no Twitter e, referindo-se aos atos, desta quinta (11), com as leituras de documentos a favor da democracia articulados pela Faculdade de Direito da USP e pela Fiesp, ele afirmou: "ou a gente sai das Fiesps da vida, da USP e do Twitter e tomemos os grupos de Whats, as comunidades, as feiras populares e o interior do país, ou já era".

O deputado federal desistiu da disputa à Presidência da República em favor de Lula. Desde então, vêm atuando nas redes e aplicativos de mensagens em prol da campanha do petista. Ele conta com quase 8 milhões de seguidores no Facebook, rede desprezada por jornalistas e por formadores de opinião, mas que é uma fonte de informação para o público adulto. Para efeito de comparação, por lá, o petista tem 4,9 milhões e Bolsonaro, 14 milhões.

As publicações no Twitter foram feitas após a pesquisa Genial/Quaest apontar que a diferença entre Lula e Bolsonaro em Minas Gerais, que era de 25 pontos, em março, caiu para 18, em julho, e nove, em agosto. Hoje, o petista tem 42% no estado, e o atual presidente, 33%. Lula perdeu terreno entre quem ganha até dois salários mínimos e quem recebe o Auxílio Brasil.

Para Janones, é "burrice" não entender que "Bolsonaro nada de braçada entre a turma do piseiro, dos grupos de compra e venda do face e os tiozões do zap".

"Não há nenhum problema em se viver em uma bolha, todos nós vivemos, até certa medida, em alguma. O problema acontece quando não percebemos isso, e tomamos a nossa realidade paralela, no caso a nossa bolha, como a realidade factual", afirmou.

"A internet permitiu a ascensão de todas as classes do ponto de vista de comunicação. Todos falam e, com a devida proporção, formam opinião. A arrogância de alguns setores da elite intelectual não lhes permite compreender que João Gomes com o seu 'piseiro' forma mais opinião hoje do que Chico e Caetano com sua genialidade."

Em sua avaliação, as eleições serão decididas em pequenas cidades do interior. Nesses locais, segundo ele, o Facebook e o WhatsApp não são redes sociais, mas sim "jornais".

"O que sai por lá, vira verdade absoluta, instantaneamente. E o bolsonarismo sabe bem disso. Esses que estão ali, esquecidos pela arrogância da nossa elite intelectual, por alguns setores da esquerda e pelos twiteiros adoradores de Chico e Caetano, são amparados pelo Bolsonaro", escreveu.

Para ele, isso gera em parte da população uma sensação de pertencimento. Um "pensamento é lógico e compreensível: 'é preferível alguém que faz piada comigo e fala besteira o tempo todo, do que alguém que nem sabe que eu existo'", afirmou.

Para desistir da candidatura, Janones pediu para Lula encampar a proposta que mantém o Auxílio Brasil de R$ 600 no ano que vem, e que os nomes que estão no CadÚnico que ainda não o recebem possam também ser beneficiados, bem como as mães solo.