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Leonardo Sakamoto

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Tarcísio e Garcia têm 48 dias para decidir quem enfrenta Haddad no 2º turno

Fernando Haddad, Tarcísio Gomes e Rodrigo Garcia - Reprodução
Fernando Haddad, Tarcísio Gomes e Rodrigo Garcia Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

15/08/2022 20h48

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O ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o governador Rodrigo Garcia (PSDB) contam, a partir de hoje, com 48 dias para decidir quem enfrentará o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) no segundo turno da eleição para o governo de São Paulo.

Pesquisa Ipec (sucessora do Ibope), encomendada pela Globo e divulgada nesta segunda (15), aponta Haddad com 29% das intenções de voto, Tarcísio, 12% e Rodrigo, 9%. Os demais candidatos estão em um outro pelotão, com no máximo 2% cada. A margem é de três pontos.

Apesar de sua rejeição ser a mais alta entre os postulantes (32%), Haddad conta com o recall da eleição presidencial de 2018 e é o candidato do ex-presidente Lula (que conta com 38% de intenção de voto no estado, segundo o Ipec) e do ex-governador Geraldo Alckmin - ex-tucano que pode abrir portas para ele no interior.

Lula perder pontos cair e levar Haddad junto? Sim, mas ainda assim há outras cinco candidaturas do campo de esquerda que totalizam 9%, e que poderiam contribuir com voto útil, caso necessário. Ou seja, apenas uma mudança drástica o tira do segundo turno.

Com a vaga à esquerda ocupada pelo ex-prefeito, sobra uma briga acirrada por aquela mais à direita.

O ex-ministro da Infraestrutura partiu do zero e está crescendo na medida que os eleitores de Bolsonaro (28% em São Paulo, de acordo com o Ipec) ficam sabendo que ele é o nome do presidente. Porém, apesar de contar pessoalmente com baixa rejeição (12%), sofre com a rejeição ao seu padrinho no estado, que segue alta.

O presidente deve crescer no estado e sua rejeição diminuir com o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600 e a queda no preço dos combustíveis. Se a onda surgir, Tarcísio tentará surfá-la.

Rodrigo Garcia conta com bilhões do caixa do governo paulista para investimentos no estado, e tem apoio de prefeituras do interior, onde nasceu. Tenta se fazer conhecido, pois, apesar de governar o estado durante os últimos anos, assumiu formalmente o Poder Executivo de fato só em abril.

Como visto no debate na TV Bandeirantes, no último dia (7), Garcia se esforça para mostrar que não tem padrinho, ou seja, para apagar a figura de João Doria.

"Vou fazer a pergunta para o candidato do Doria", afirmou Tarcísio para Garcia, trazendo a rejeição do ex-governador para o debate. "Quem precisa de padrinho é você. Até 2021, vocês estavam escolhendo onde você iria concorrer", respondeu Garcia para Tarcísio - lembrando que o adversário não fez carreira política no estado, mudando-se apenas recentemente seu domicílio eleitoral para cá.

A possibilidade de um voto "Bolsodrigo" fez com que Tarcísio, que é criticado por parte do bolsonarismo por "esconder" o presidente em sua campanha reforçasse publicamente os vínculos com o ex-chefe.

O voto Garcia-Bolsonaro seria uma suprema ironia, uma vez que o ex-governador João Doria foi eleito com o voto "Bolsodoria", depois rompeu com o presidente de olho no Palácio do Planalto e acabou sendo defenestrado de sua candidatura para não atrapalhar a de Rodrigo ao Palácio dos Bandeirantes - uma vez que ele não conseguiu decolar.

Por fim, ainda há muito voto em disputa. Indecisos somam 16% e brancos e nulos, 23%. Ou seja, quase quatro em cada dez eleitores não têm candidato.