Topo

Leonardo Sakamoto

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Fundação Saramago alerta à ameaça de morte bolsonarista contra Julián Fuks

O escritor paulistano Julián Fuks, durante a Flip 2017 - Bruno Santos/Folhapress
O escritor paulistano Julián Fuks, durante a Flip 2017 Imagem: Bruno Santos/Folhapress

Colunista do UOL

01/09/2022 14h30

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A Fundação José Saramago, sediada em Portugal, demonstrou preocupação com as ameaças de morte e ataques que o escritor Julián Fuks tem recebido após uma crônica publicada no UOL sobre o coração mumificado de Pedro 1º ter sido distorcida por bolsonaristas.

Fuks recebeu ameaças contra ele e sua família de pessoas que, para mostrar que falavam sério, enviaram fotos empunhando armas. O senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro também compartilharam o conteúdo distorcido, entre outros políticos bolsonaristas e veículos de comunicação.

"As autoridades competentes devem garantir a sua segurança e a da sua família e investigar as origens dos ataques", pede a fundação, responsável por proteger o legado do português ganhador do Prêmio Nobel de Literatura.

A entidade lembra que, em 2017, o brasileiro recebeu o Prêmio José Saramago pelo romance "A Resistência". A fundação é presidida por Pilar del Río, viúva do escritor.

"Autor de livros que se destacam não só pelo cuidado com a linguagem como pela temática, Julián Fuks é uma das vozes mais interessantes e originais surgidas no panorama literário da língua portuguesa nas últimas décadas. Essa voz não pode ser silenciada através da violência ou de qualquer outra forma", destaca a Fundação José Saramago.

Além do Prêmio Saramago, Fuks também ganhou três vezes o Prêmio Jabuti, sendo que um deles como livro do ano, o Prêmio Oceanos, entre outros. Seus livros foram traduzidos para dez línguas, e ele colabora com jornais como o norte-americano The New York Times, o francês Le Monde e o inglês The Guardian.

Entenda o caso

Julián Fuks publicou uma crônica em sua coluna do UOL, no dia 27 de agosto, criticando a decisão oficial de tratar o coração de Pedro 1º com as pompas de um chefe de Estado no próximo 7 de setembro.

Ele usou a palavra "terrorista" em sentido figurado e deixou isso claro já no início do texto que era contrário à violência e brutalidade. Afirmou que seria necessário um "terrorista" com total aversão a sangue e crueldade - um não-terrorista, portanto - para fazer um protesto contra o uso do coração mumificado.

Por causa disso, ele sofreu pesados ataques, agressões e ameaças, em um processo de perseguição e uma campanha difamatória por parte de bolsonaristas radicais. Conteúdos produzidos por sites especializados em notícias falsas omitiram que ele falava de um protesto pacífico, como se ele incitasse um ato violento contra o 7 de setembro.