Leonardo Sakamoto

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Opinião

Sentiu falta de alguém na foto-notícia de Lula, Nunes e Tarcísio sorrindo?

Uma imagem do presidente Lula (PT), do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do prefeito da capital Ricardo Nunes (MDB), circulou bastante pelas redes sociais nesta sexta (29). Todos estavam em cerimônia para o anúncio de investimentos de R$ 10,6 bilhões em São Paulo para o trem até Campinas, o trecho norte do Rodoanel, a expansão da linha 2- Verde do metrô até a Penha e de ônibus elétricos.

Ela irritou bolsonaristas, que chamaram Tarcísio de traíra (como se não fosse função do governador dialogar com o presidente), mas também vem sendo usada como exemplo de civilidade e de marketing na política.

Primeiro, o que salta aos olhos. Azul sempre foi uma cor institucional, que passa compromisso e seriedade. Mas ela também está na moda e tem sido usada por políticos em tons mais vibrantes para transmitir força e jovialidade —como foi o caso de Lula, Nunes e Tarcísio hoje. Na eleição municipal de São Paulo, foi a principal cor escolhida nos debates pelos candidatos.

No momento em que a foto foi tirada, Lula vira para os outros mandatários, dando foco ao trio composto por ele, presidente, pelo prefeito e pelo governador de SP, destacando-os dos outros três da foto, inclusive o seu vice Geraldo Alckmin. Isso fez com que a imagem reproduzida em boa parte da imprensa fosse apenas dos três, como na capa de portais.

E o que significa a imagem dos três juntos e ainda por cima com a mesma cor?

A composição transmite cordialidade entre pessoas que estão em campos opostos, mas aceitam trabalhar juntos por São Paulo, mostrando que a construção de consensos e uma convivência democrática pacífica são possíveis.

Para Lula, a imagem reforça a sua defesa de que a política é feita para que pessoas que não concordem possam trabalhar pelo bem comum e não se aniquilar mutuamente.

Para Tarcísio, reforça o seu esforço de se mostrar como uma alternativa da direita moderada, ou seja, que dialoga, e também ajuda em sua estratégia de alternar sinais ao bolsonarismo e ao campo democrático, o chamado "morde e assopra".

E Nunes, que é do MDB, partido da base do governo, estabiliza a relação com o Palácio do Planalto após a vitória sobre o deputado Guilherme Boulos (PSOL), candidato do petista. E, ao mesmo tempo, dá aquela cutucada básica em Jair, que o abandonou várias vezes durante a eleição.

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Aliás, o grande ausente lembrado nessa foto é Bolsonaro. Lula é detestado por ele, Nunes foi abandonado por ele e Tarcísio é podado por ele. Para os três, neste momento, o melhor é que ele esteja longe mesmo.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL