Leonardo Sakamoto

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Opinião

Trump define valores do 2º mandato ao libertar bandidos e ameaçar crianças 

Quando Donald Trump perdoou cerca de 1,5 mil de seus apoiadores que, em uma ação golpista, invadiram o Congresso e tentaram impedir a certificação da vitória de Joe Biden em 6 de janeiro de 2021, ele não estava salvando a democracia e a liberdade de expressão, mas aliviando a barra de criminosos. Pois é isso o que golpistas são em uma democracia: bandidos.

E quando assinou o decreto que proíbe o reconhecimento de pessoas nascidas nos EUA como cidadãs norte-americanas se os seus responsáveis não tiverem documentos de imigração em dia, ele criou uma terrível ameaça para crianças inocentes. Que podem vir a ser expulsas de sua casa e deportadas para um país que não é e nunca foi sua terra.

Da mesma forma, quando toma medidas para fomentar a exploração, o uso e a exportação de petróleo e gás, além de atacar leis que ajudam a reduzir a emissão de carbono e retira o país do Acordo de Paris, indica que está pouco se lixando para o futuro das crianças, independentemente da nacionalidade. Pois essa retomada do petróleo vai tornar quase impossível cumprir a meta da ONU para diminuir o impacto da mudança do clima.

Trump tem 78 anos, não estará aqui em 50 anos. Mas os mais novos, a quem ele está condenando a uma vida mais difícil, sim. E viverão um inferno.

O 47º presidente dos EUA começou seu segundo mandato deixando claro que é um homem de palavra, colocando em marcha dezenas de promessas de campanha. Com isso, também mostra quais são os valores que vão guiá-lo nos próximos quatro anos.

O problema é que esses valores batem de frente com uma vida mais digna para todo mundo (o mundo inteiro, literalmente), independentemente da cor de pele, etnia, classe social, origem, identidade, gênero.

Mas, se houver questionamento, também não tem problema.

Para garantir que a liberdade de expressão seja usada "corretamente", interpretando a realidade da forma como deseja, ele pode contar com a ajuda daqueles que estavam em locais de honra em sua posse.

Os homens que decidem como escolhemos (Sergey Brin e Sundar Pichai, do Google), o que consumimos (Elon Musk, do X, Mark Zuckerberg, do Facebook, Instagram e WhatsApp e Shou Zi Chew, do TikTok), o que compramos (Jeff Bezos, da Amazon), como nos comunicamos (Tim Cook, da Apple) e o que comunicamos (Sam Altman, do ChatGPT) são capazes de garantir que esses valores sejam interpretados da forma certa.

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Ou seja, na novilíngua da nova "era de ouro" dos Estados Unidos, criminosos são heróis. E crianças são bandidas.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL