Leonardo Sakamoto

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Reportagem

Em ato pró-anistia, Bolsonaro reúne 45 mil, 1/4 do público de um ano atrás

Um ato em São Paulo convocado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a favor de anistia a quem participou de atos e ações golpistas entre outubro de 2022 e 8 de janeiro de 2023 reuniu 44,9 mil pessoas, neste domingo, na avenida Paulista.

Os números são do Monitor do Debate Político do Cebrap e da Universidade de São Paulo junto com a ONG More in Common. A contagem foi feita no pico da manifestação, às 15h44, a partir de fotos aéreas analisadas com software de inteligência artificial.

Outro levantamento, realizado pelo instituto Datafolha, estimou em 55 mil pessoas o público presente no ato.

O evento contou com a participação de políticos da direita, entre eles presidenciáveis como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), o de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e o do Paraná, Ratinho Jr (PSD).

Após a frustração com as cerca de 18,3 mil pessoas que compareceram ao ato pró-anistia, na manhã de 17 de março, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, o bolsonarismo se empenhou para a realização do evento deste domingo.

"O número alto, de praticamente 50 mil pessoas, confirma que o número baixo que vimos em Copacabana em março não se deveu a uma suposta falta de apelo do tema da anistia, mas a uma convocação confusa que mudou várias vezes de tema e de cidade", afirma Pablo Ortellado, professor de políticas públicas da USP e um dos coordenadores do levantamento.

Mas, para efeito de comparação, o ato em apoio a Bolsonaro e que também defendeu a anistia, realizado em 25 de fevereiro de 2024, na avenida Paulista, reuniu 185 mil pessoas, às 15h, seu horário de pico. Ou seja, o ato de hoje foi 24% daquele realizado pouco mais de um ano atrás.

Já o ato convocado em São Paulo por movimentos sociais de esquerda contra a anistia, pela prisão de Jair Bolsonaro e em memória dos 61 anos do golpe militar de 31 de março de 1964 reuniu 6,6 mil pessoas, no dia 30 de março, na avenida Paulista. Todos os números são do Monitor do Debate Político.

Bolsonaristas querem ruas pela anistia, mas 56% do país é contra

A oposição diz que já têm votos suficientes para aprovar a anistia na Câmara dos Deputados, mas não conseguiu votar a urgência da matéria, o que faria com que fosse analisada diretamente no plenário sem a necessidade de passar pelo debate em comissões. Bolsonaro conta com a pressão de seus seguidores nas ruas para acelerar o trâmite do PL.

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O desejo de seus aliados era levar um milhão de pessoas no Rio, mas também em São Paulo.

Vale lembrar que, mesmo se o Congresso aprovar a proposta e, depois, derrubar o provável veto do presidente Lula, e a Procuradoria-Geral da República e o Supremo Tribunal Federal não questionarem a constitucionalidade desse perdão, ainda Bolsonaro vai precisar de outro milagre para estar nas urnas eletrônicas em 2026.

Ele está inelegível até 2030 por causa de duas condenações do Tribunal Superior Eleitoral por abuso de poder. Então, terá que torcer por uma mudança na Lei da Ficha Limpa que diminua a punição a políticos.

Pesquisa Genial/Quaest aponta que 56% dos brasileiros é contra a anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, preferindo que continuem presos e cumpram suas penas. A margem de erro é de dois pontos, e o índice de confiança de 95%. Apenas 18% acham que os envolvidos deveriam ser soltos porque nem deveriam ter sido presos.

Considerando apenas os que escolheram Bolsonaro em 2022 (que ficou com 49,1% dos votos), só 36% (ou seja, cerca de um terço dessa metade) defendem, segundo a Quaest, a posição de que os presos pelo 8 de janeiro deveriam ser soltos porque a prisão foi injusta. Outros 32% dos eleitores de Bolsonaro querem que os presos continuem na cadeia e cumpram suas penas e outros 25% acham que eles cometeram crimes sim, mas já podem ser soltos porque já ficaram tempo demais.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.