Deputado que atacou Lula e Gleisi pode ser punido ao 'copiar' Bolsonaro
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Gilvan da Federal (PL-ES) tem usado o grotesco e o surreal na Câmara dos Deputados para chamar a atenção e promover-se midiaticamente e eleitoralmente, seguindo os passos de outros parlamentares que fizeram o mesmo e tiveram sucesso, elegendo-se a cargos como prefeito e presidente.
Dias após protagonizar um novo barraco em uma sessão da Comissão de Segurança Pública, a mesa diretora da casa solicitou ao Conselho de Ética a suspensão de seu mandato por seis meses. O motivo foi outro: ele deu uma declaração sugerindo que a ministra-chefe de Relações Institucionais do governo, Gleisi Hoffmann, era uma prostituta.
Em abril, ele já havia quebrado o decoro ao afirmar por três vezes que queria que o presidente Lula morresse, também durante sessão da mesma comissão controlada por bolsonaristas.
Desconhecido da maioria que usa garfo e faca, Gilvan da Federal consegue minutos de fama ajudando a espalhar esse tipo de ódio. Todos copiam o comportamento do "mito", com xingamentos e ataques agressivos. O objetivo é aparecer na mídia e produzir material para as redes sociais bolsonaristas.
Os deputados federais Eder Mauro e Abílio Brunini, ambos do PL, disputaram o segundo turno em Belém e Cuiabá, respectivamente, após terem seguido o exemplo de de Jair Bolsonaro que, quando deputado, usou o grotesco e o surreal para se promover.
Em Belém, Mauro acabou perdendo no segundo turno para Igor Normando (MDB), candidato do governador Helder Barbalho. Mas, em Cuiabá, Brunini venceu Lúdio (PT) e foi eleito.
Ambos foram figuras sempre presentes na mídia por criarem confusões em Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), em reuniões ordinárias de comissões regulares e outros encontros transmitidos pela TV ou pela internet. Conseguiram com suas intervenções criar indignação em representantes da esquerda e irritação até entre colegas da direita. Viralizaram nas redes.
Da mesma forma que Gilvan da Federal apelou à misoginia mais tosca, o então deputado Bolsonaro capturou os holofotes ao dizer que a deputada Maria do Rosário (PT-RS) seria tão feia que não mereceria ser estuprada.
Entre a parcela da sociedade que defende o respeito aos direitos humanos, as declarações são repudiadas. Contudo, em outra, o que importa é estar evidência, ser famoso, ser conhecido, mesmo que famoso e conhecido por ações questionáveis. E, uma vez nos holofotes da mídia, o seu discurso acaba conseguindo votos entre aqueles que se conectam aos preconceitos, medos e anseios que promovem.
Tal como aconteceu com Pablo Marçal (PRTB), candidato em São Paulo: falem mal, mas falem de mim. A diferença é que Bolsonaro, Mauro, Brunini e Gilvan ainda operam em uma tática 4G, enquanto o ex-coach já deixou o 5G para trás.
Isso se coloca como um desafio ao naco racional da sociedade: como criticar as declarações violentas de políticos, mas não dar a eles o palanque midiático que tanto querem para alçar seus voos. Enquanto isso, o grotesco e o surreal continuam tendo sucesso. E, eventualmente e novamente, vencendo as eleições.