Bolsonaro reúne 4.000 pela anistia em Brasília, menos de 10% do ato de SP
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Um ato em Brasília convocado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a favor de anistia a quem participou de atos e ações golpistas entre outubro de 2022 e 8 de janeiro de 2023 reuniu 4.000 pessoas, na tarde desta quarta. A caminhada terminou no Congresso Nacional.
Os números são do Monitor do Debate Político do Cebrap e da Universidade de São Paulo junto com a ONG More in Common. A contagem foi feita no pico da manifestação, às 16h30, em frente à Catedral Metropolitana, a partir de fotos aéreas analisadas com software de inteligência artificial.
Em 6 de abril, ato com o mesmo tema na avenida Paulista, em São Paulo, reuniu 44,9 mil pessoas, de acordo com levantamento do mesmo grupo. Em 17 de março, 18,3 mil pessoas haviam comparecido ao ato pró-anistia na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Bolsonaro não seguiu a recomendação médica para descansar e participou do ato, em cima de trio elétrico, ao lado da esposa, Michelle, de senadores, como Magno Malta (PL-ES) e Eduardo Girão (Novo-CE), de deputados federais, como Gustavo Gayer (PL-GO) e Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ), deputados estaduais e lideranças religiosas como Silas Malafaia e o padre Kelmon.
"A manifestação fugiu do padrão das manifestações bolsonaristas que costumam acontecer no fim de semana. Como não há outra em dia de semana para comparar, é difícil saber se o número baixo se deve à data, ao fato de Brasília ser menos mobilizada do que Rio ou São Paulo ou se o tema está esfriando, com o PL de redução de pena ganhando momento no Congresso", afirma Pablo Ortellado, professor de políticas públicas da USP e um dos coordenadores do levantamento.
Ele se refere ao novo projeto de lei que, ao invés de perdoar os envolvidos em atos golpistas, propõe reduzir a pena dos que participaram do 8 de janeiro na praça dos Três Poderes, mas aumentar a das lideranças.
Para efeito de comparação, o ato em apoio a Bolsonaro e que também defendeu a anistia, realizado em 25 de fevereiro de 2024, na avenida Paulista, reuniu 185 mil pessoas, às 15h, seu horário de pico.
Já o ato convocado em São Paulo por movimentos sociais de esquerda contra a anistia, pela prisão de Jair Bolsonaro e em memória dos 61 anos do golpe militar de 31 de março de 1964 reuniu 6,6 mil pessoas, no dia 30 de março, na avenida Paulista. Todos os números são do Monitor do Debate Político.
Vale lembrar que, mesmo se o Congresso aprovar a proposta e, depois, derrubar o provável veto do presidente Lula, e a Procuradoria-Geral da República e o Supremo Tribunal Federal não questionarem a constitucionalidade desse perdão, ainda Bolsonaro continuará inelegível até 2030 por causa de duas condenações do Tribunal Superior Eleitoral por abuso de poder. Então, ele terá que torcer por uma mudança na Lei da Ficha Limpa que diminua a punição a políticos.
Tanto uma pesquisa Genial/Quaest quanto uma pesquisa do Datafolha apontaram que 56% dos brasileiros são contra a anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, preferindo que continuem presos e cumpram suas penas. A margem de erro é de dois pontos, e o índice de confiança de 95%.