Bater em Marina Silva excita os eleitores de parlamentares violentos
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Bater em Marina Silva leva ao delírio eleitores de parlamentares violentos. E, por isso, eles continuam atacando-a, audiência após audiência, no Congresso. Nesta terça (2), a ministra do Meio Ambiente foi agredida na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, semanas após ter sido alvo de machismo no Senado Federal.
Marina foi acusada de nunca ter trabalhado e comparada a terroristas, nas palavras do deputado Evair de Melo (PP-ES), além de ser tratada como se estivesse fora de si, o que tende a acontecer com uma mulher que ousa falar de forma incisiva no debate público.
Políticos que agridem Marina Silva excitam seus eleitores pela misoginia e pelo machismo, ao compartilhar recortes de vídeos pretensamente colocando uma mulher forte e em posição de poder "no seu devido lugar".
E excitam pelo fato de atacarem uma das mais importantes ambientalistas do mundo, que vem sendo uma pedra no sapato do naco do agronegócio e do extrativismo que insiste em operar em padrões trogloditas e anacrônicos em nome do dinheiro fácil.
No final das contas, são homenzinhos descontentes com o tamanho do seu pequeno intelecto.
Políticos de extrema direita usam o grotesco e o surreal no Congresso para chamar a atenção e se promover midiaticamente e eleitoralmente. E, uma vez nos holofotes da mídia, o seu discurso acaba conseguindo votos entre aqueles que se conectam aos medos e anseios que ambos promovem.
Um exemplo foram os deputados federais Eder Mauro e Abílio Brunini, ambos do PL, que disputaram o segundo turno na eleição municipal em Belém e Cuiabá, respectivamente, em 2022. Brunini, aliás, ganhou a eleição. Ambos ficaram famosos por causar na Câmara, incomodando até pessoas do mesmo campo ideológico.
Isso se coloca como um desafio à parcela racional da sociedade: como criticar as declarações violentas de políticos, mas não dar a eles o palanque midiático que tanto querem para alçar voos. Enquanto isso, o grotesco e o surreal continuam tendo sucesso, seguindo os passos de um deputado que passou três décadas no baixo clero, atacando mulheres e minorias em direitos, e virou presidente da República.