Prefeitos tomam posse em meio a desafios para conter catástrofe climática

Os prefeitos e vereadores eleitos em 2024 tomam posse nesta quarta (1º) com um desafio que vai permear os quatro anos de mandato: como lidar com as catástrofes nas cidades provocadas pelo aquecimento global. Tempestades, alagamentos e incêndios tendem a ser cada vez mais fortes e frequentes, segundo os cientistas.
A área de habitação deve ser uma das mais impactadas, diz Rodrigo Perpétuo, secretário-executivo do Iclei (organização internacional que reúne mais de 2.500 governos locais e regionais para promover o desenvolvimento urbano sustentável).
Por isso, diz ele, os prefeitos precisam planejar a política habitacional considerando a dimensão do risco ao qual a cidade está exposta; quais os tipos de evento que mais ocorrem, em quais locais, e a frequência desses acontecimentos, além de preparar medidas para socorrer a população.
As pessoas que estão em área de risco geralmente são pessoas de vulnerabilidade social, vivendo em assentamentos informais em áreas de encostas, em áreas onde não deveriam estar.
Rodrigo Perpétuo, secretário-executivo do Iclei
Apesar das catástrofes que aconteceram no Brasil em 2024 — enchentes no Rio Grande do Sul, seca histórica na Amazônia e queimadas no Norte, no Centro-Oeste e no Sudeste — a pauta ambiental não costuma ter apelo junto à sociedade até o momento em que uma crise acontece. O tema parece distante de questões como habitação e transportes, apesar de estar conectado.
Prefeitos e vereadores decidem, por exemplo, sobre a uso do solo, como liberar a ocupação na beira dos rios ou na costa das praias.
O legislativo e o governo municipal também decidem sobre licenciamento ambiental, criação e manutenção de parques (para absorver água de chuva), transporte (modais que emitam mais ou menos poluição), serviços de saneamento (que evitam enchentes), serviços de coleta de resíduos (para não acumular lixo e atrapalhar o escoamento das chuvas), entre outros.
"As cidades são impermeáveis por causa do asfalto. Quando chove, a água não tem como entrar, escorre e causa inundação", diz Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama.
As pessoas colocam muito a política climática como se fosse apenas do governo federal.
Suely Araújo, ex-presidente do Ibama
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.