Volta de Trump desafia governo Lula em questões sobre clima e China

O retorno de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos vai ser um desafio para o governo Lula em questões sobre clima e na relação do país com a China. O Palácio do Planalto aposta no pragmatismo: que as relações comerciais vão se manter, apesar das diferenças de ideologia entre os governos.
Mas, no tabuleiro geopolítico, o Brasil historicamente busca ser uma liderança global no combate às mudanças climáticas. Em novembro, o país vai sediar a COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas.
Neste domingo (19), no último discurso antes da posse, Trump voltou a defender a exploração de combustíveis fósseis, que ele chama de "ouro líquido". A queima de combustível fóssil é a principal fonte dos gases de efeito estufa que provocam as mudanças climáticas — historicamente, os Estados Unidos são os maiores emissores globais.
Trump já classificou inúmeras vezes o aquecimento global como "farsa". A expectativa é que os Estados Unidos não endossem metas e compromissos financeiros da COP30 ou, até mesmo, abandonem a convenção — esvaziando, portanto, o evento liderado pelo Brasil.
A expectativa é que Trump também corte o financiamento para mitigar catástrofes climáticas — incluindo o montante de US$ 500 milhões para o Fundo Amazônia que o país sob Joe Biden prometeu para o Brasil e dos quais destinou 10% até agora.
Brasil e China se aproximam
Outra frente de pressão americana vai estar na relação do Brasil com a China.
Em novembro de 2024, Lula e o presidente chinês, Xi Jinping, assinaram 37 acordos bilaterais em Brasília. Para além da questão comercial, o evento foi uma demonstração de força na parceria entre os países.
Brasil e China integram o Brics, bloco formado pelas maiores economias de países emergentes. O governo Lula preside o grupo em 2025 e define a pauta de discussões, voltada para questões comerciais.
A política de Trump é protecionista e ele já ameaçou aumentar tarifas dos países do Brics, caso o bloco siga nas discussões sobre criação de uma moeda única. Além disso, em seu primeiro mandato, Trump acirrou uma guerra comercial contra a China.
Agora, diferentes países preparam listas de retaliação contra os Estados Unidos para o caso de Trump elevar tarifas de importação para pressionar governos.
O americano também é frontalmente contra outra pauta defendida pelo Brics: o fortalecimento de organizações multilaterais, como o próprio bloco. Ele se diz contra a globalização e a qualquer instrumento que tire poder dos Estados Unidos.
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