Transgêneros estão no alvo da direita no Brasil e sob Trump nos EUA

O discurso da extrema direita contra pessoas transgêneros ganhou força nos últimos anos tanto no Brasil como nos Estados Unidos.
Na lista de prioridades da gestão Donald Trump, divulgada ontem pela Casa Branca após a posse, a Presidência norte-americana informa que vai estabelecer os gêneros masculino e feminino como realidade biológica. No domingo (19), Trump já havia dedicado boa parte de um pronunciamento anunciando que pretende excluir transgêneros do serviço público, das Forças Armadas e de competições esportivas.
No Brasil, o assunto cresceu nas últimas duas eleições. Em 2022, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) pautou o debate sobre banheiro unissex, que virou tema discutido nas campanhas eleitorais. Em 2024, o vereador mais votado de São Paulo, Lucas Pavanato (PL), foi eleito com uma agenda transfóbica —neste ano, após a posse, já propôs três projetos de lei contra os direitos de pessoas transgêneros.
As declarações de Trump fortalecem o discurso da extrema direita no Brasil e no mundo e aumentam o risco de violência contra esse grupo, diz Bruna Benevides, presidente da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais).
"Há hoje no mundo uma agenda política que pretende erradicar as pessoas trans da vida pública. Isso vai sendo feito por meio de políticas públicas", afirma. "Um chefe de Estado como Trump falar de forma aberta contra as pessoas trans é algo que deveria preocupar a todas as pessoas. Nos últimos tempos, nenhum outro grupo tem sido tão atacado."
No Brasil, foram contabilizadas ao menos 257 mortes de pessoas LGBTQIA+ em 2023, segundo a ONG Grupo Gay da Bahia, uma das mais antigas organizações sobre direitos dessa população. Desse total, 127 se referiam a pessoas travestis e transgêneros. Com isso, o país mantém o posto de mais homotransfóbico do mundo.
Segundo ela, essas medidas tendem a colocar pessoas transgêneros como seres humanos de segunda categoria, sem os mesmos direitos dos demais cidadãos.
O vereador Lucas Pavanato disse à coluna que não vê transfobia.
"Com certeza, as declarações de Donald Trump têm impacto no cenário político brasileiro e vale deixar claro que não são declarações sobre pessoas trans, são declarações reafirmando aquilo que a biologia já entende", disse Pavanato.
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