Letícia Casado

Letícia Casado

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Grupo de apoio criou plano de fuga para Bolsonaro após Lula ficar elegível

Na denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, o procurador-geral da República Paulo Gonet destaca que um "grupo de apoio" do ex-presidente criou um plano de fuga para ele sair do Brasil depois que Lula foi autorizado a concorrer na eleição de 2022.

No dia 8 de março de 2021 o ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), anulou todas as condenações do petista pela Justiça do Paraná, o que deu a ele a possibilidade de concorrer novamente.

"Em 22 de março de 2021, poucos dias depois de Lula da Silva haver superado a causa de inelegibilidade, o grupo de apoio do então presidente da República, que formará o núcleo da organização criminosa, cogitou de o presidente abertamente passar a afrontar e a desobedecer a decisões do Supremo Tribunal Federal, chegando a criar plano de contingenciamento e fuga de Bolsonaro, se a ousadia não viesse a ser tolerada pelos militares", informa a denúncia contra Bolsonaro.

No relatório em que a Polícia Federal indiciou Bolsonaro e outras 36 pessoas por tentativa de golpe — e que serviu como base para a denúncia oferecida pela PGR nesta terça —, os investigadores tratam sobre esse plano de fuga.

De acordo com a PF, o plano estava em computador de Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fez acordo de delação). Ele guardava uma apresentação com um planejamento para os militares ocuparem "estruturas estratégicas" no governo e antecipava um plano de fuga para o caso de a trama falhar.

"Os militares golpistas criariam uma rede de auxílio para acolher o ex-presidente e conduzi-lo para fora do território nacional", escreveu a PF.

Mauro Cid também foi denunciado na mesma ação que Bolsonaro. Cid fez acordo de delação premiada e colaborou com as investigações.

Outros integrantes do "grupo de apoio" podem ser denunciados, caso os investigadores tenham material suficiente para formalizar um pedido de abertura de ação penal.

Paulo Gonet optou por "fatiar" a denúncia dos envolvidos na tentativa de golpe em diferentes ações. A estratégia visa acelerar os processos e não sobrecarregar os trabalhos da PGR e do STF.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.