Letícia Casado

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Reportagem

Família de Moraes também pode perder visto dos EUA

A ofensiva para cancelar o visto americano do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), mira também a autorização de entrada dos familiares de primeiro grau do magistrado, apurou a coluna. A articulação está sendo feita por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com parlamentares americanos ligados ao presidente Donald Trump.

A medida tem sido discutida pelos grupos de ambos os países como uma maneira de atingir o magistrado por envolver sua família, disse uma fonte. Se concretizada, a sanção de pessoas próximas também causa um constrangimento em relação ao argumento de que Moraes não tem planos de viajar aos Estados Unidos.

Dois dos principais alvos de Moraes em processos que envolvem ataques à democracia no Brasil estão morando nos EUA: os blogueiros Paulo Figueiredo e Allan dos Santos. Segundo uma pessoa próxima ao assunto, ambos têm green card, boa interlocução com parlamentares americanos —Figueiredo em especial— e já levaram a demanda sobre os familiares do ministro para as conversas em que trataram sobre o visto de Moraes.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é o principal interlocutor e porta-voz do movimento. Na ponte aérea entre Brasilia e Washington, apenas em 2025 ele já viajou ao menos três vezes aos EUA para, entre outras questões, tratar do assunto.

Para além de bolsonaristas e trumpistas, Moraes tem um adversário de peso e com forte influência sobre o presidente americano: o bilionário Elon Musk, dono do X e que protagonizou embates com o ministro no ano passado.

Como mostrou o UOL, as decisões de Moraes punindo a empresa por não suspender determinadas contas na rede social tinham como pano de fundo ataques e ameaças, inclusive de morte, contra investigadores que atuam nos processos que envolvem bolsonaristas.

Desde o segundo semestre de 2024, bolsonaristas e trumpistas coordenam medidas para pressionar a corte brasileira, com foco especial no ministro Moraes. A iniciativa escalou a partir da vitória de Trump, quando o tema do visto do ministro voltou à pauta.

Nesta quarta, um comitê do Congresso americano aprovou um projeto de lei que cria sanções contra o ministro. A proposta estabelece o veto de entrada no país a qualquer estrangeiro que viole a Primeira Emenda da Constituição dos EUA —justamente o argumento usado por aliados de Bolsonaro. A diplomacia americana mandou um recado público ao Brasil, e o governo brasileiro respondeu.

Outra frente contra Moraes foi aberta na semana passada no judiciário dos Estados Unidos quando uma empresa de mídia que pertence a Donald Trump e a plataforma de vídeos Rumble entraram com uma ação conjunta em um tribunal federal americano alegando censura por parte do ministro no Brasil.

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