Lula segura nomes para STJ enquanto tenta acordo para 2026 com Lira e Renan
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O presidente Lula (PT) está segurando duas nomeações para o STJ (Superior Tribunal de Justiça) enquanto tenta costurar um acordo para a eleição de 2026 que passa pelos caciques políticos de Alagoas, o deputado Arthur Lira (PP) e a família Calheiros — o pai, senador Renan, e o ministro dos Transportes, Renan Filho.
Lula recebeu em outubro as listas tríplices dos candidatos, mas até agora o tribunal segue desfalcado. O plano era nomear o desembargador Carlos Brandão, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) e a procuradora Marluce Caldas Bezerra (Ministério Público de Alagoas) e, assim, indicar um homem e uma mulher para as vagas.
É sobre o nome de Marluce que paira o impasse sobre o cenário de 2026. Ela é tia de JHC (João Henrique Caldas), atual prefeito de Maceió e aliado de Lira, que por sua vez é adversário histórico dos Calheiros.
O xadrez para a nomeação passaria pelas vagas ao Senado e ao governo de Alagoas na próxima eleição.
A composição política envolve Renan pai e Arthur Lira concorrendo nas duas vagas que estarão abertas para o Senado e JHC disputando o governo.
Mas, para isso, Renan Filho teria que abrir mão de disputar o comando do Estado. Ele foi eleito em 2022, estará no meio do mandato e, caso Lula seja reeleito, poderia permanecer como ministro.
No entanto, os Calheiros têm dito a pessoas próximas que essa costura não é vantajosa para eles. E que o presidente Lula ainda não fez uma demanda direta nestes sentido.
O plano seria bom para Lula, que amarraria o apoio dos caciques de Alagoas na próxima campanha. E também pavimentaria o caminho de Lira para o Senado —uma ambição do ex-presidente da Câmara.
Diante do impasse com os alagoanos, Lula tem estudado a possibilidade de indicar dois homens ao STJ, Brandão e Sammy Barbosa (Ministério Público do Acre) —este, tem o apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
Como Lula já indicou dois homens às vagas do STF (Supremo Tribunal Federal), Flávio Dino e Cristiano Zanin, a ausência de mulheres nas nomeações do STJ poderia causar um problema para a imagem do presidente.
Uma fonte próxima às negociações diz que Lula não descarta a possibilidade de adiar as nomeações no STJ para abril. Neste mês, vai abrir uma vaga no STM (Superior Tribunal Militar), e Lula pretende indicar uma mulher. Assim, as indicações de homens no STJ poderiam ser amenizadas pelo anúncio de uma mulher para a corte militar.