Disputa na Câmara tem paz de Bolsonaro e Kassab, anistia e mágoa com Lula
O embate entre PL e PSD pela presidência da CME (Comissão de Minas e Energia) da Câmara envolveu a promessa de votos em favor da anistia do 8 de Janeiro, um acordo entre Jair Bolsonaro e o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e o resquício de mágoa do cacique partidário com Lula e o PT.
Os partidos definiram nesta semana os comandos e composições das comissões temáticas. O PL, comandado por Valdemar Costa Neto, e o PSD, de Gilberto Kassab, pediram a presidência de Minas e Energia.
O PL tinha preferência nas escolhas por ser a maior bancada da Casa. O PSD, no entanto, tinha um acordo com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para manter os espaços do partido seguindo a regra da proporcionalidade das bancadas em troca de apoio para eleger o republicano.
Motta cedeu aos argumentos do PL, determinando que os pedidos das comissões fossem de acordo com o tamanho das bancadas, e abriu uma queda de braço entre oposição e centrão.
O ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) —que é um quadro importante do PSD e favorito de Kassab — fazia questão da cadeira. A presidência do colegiado define a pauta de projetos, pode aprovar a convocação do chefe da pasta e tem o poder de direcionar a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) ou a discussão de medidas que afetam a regulação do setor, por exemplo.
Mas Valdemar também considerava importante que o PL assumisse o cargo e não aceitava abrir mão para o partido de Kassab. Jair Bolsonaro é o principal ativo da legenda.
No domingo, Bolsonaro fez um discurso na praia de Copacabana no qual disse ter feito as pazes com Kassab. "Ele está ao nosso lado com a sua bancada para aprovar a anistia em Brasília", afirmou o ex-presidente.
A fala de Bolsonaro foi considerada a senha para os correligionários do PL. Depois de muito embate, o partido abriu mão da comissão de Minas e Energia.
O PSD de Silveira e Kassab levou o cargo, assumido pelo deputado Diego Andrade (MG).
Um deputado do PSD diz, ainda, que Kassab segue irritado com Lula e com o PT por causa da eleição da Câmara: o PT, com o apoio de Lula, desembarcou da candidatura de Antônio Brito (PSD-BA) para apoiar Motta.
Reunião no Palácio dos Bandeirantes
No início de fevereiro, Bolsonaro se reuniu com Kassab no Palácio dos Bandeirantes para tratar da anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro.
Eles, que passaram os últimos anos em lados opostos da política, têm um aliado em comum: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que trabalhou pelo diálogo entre os políticos.
Bolsonaro se hospedou no Bandeirantes, como já fez em outras ocasiões. Mas, pela primeira vez, se reuniu com Kassab, que é secretário de Relações Institucionais do estado.
Reportagem
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