Em meio a 'tiroteio' de Trump, Brasil cogita reação com outros países
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O governo Lula cogita a possibilidade de fazer alinhamento do Brasil com outros países ou blocos econômicos para responder ao aumento de tarifas de importação anunciado por Donald Trump a partir de hoje.
A equipe de Lula entende que a resposta aos Estados Unidos não precisa ser imediata; que vai ser necessário algum tempo para estudar os potenciais efeitos do tarifaço e a possível aplicação de reciprocidade; e que o Brasil não deve subir o tom e sim seguir tentando negociar de maneira calma e discreta.
Integrantes do governo disseram à coluna que não havia muito como se preparar para as medidas dos Estados Unidos porque o país não informou nada sobre o que seria anunciado ou quem seria atingido:
- Se seria um aumento linear (para todos os produtos que o Brasil exporta) ou pontual (alguns produtos);
- Quando entraria em vigência;
- Qual percentual seria imposto;
- Por qual prazo;
- Se haveria brecha para negociação;
- E nem se tudo entraria em vigor em um único dia ou se o chamado "Liberation Day" poderia ter uma segunda ou terceira versão.
Mas, mesmo sem as informações em mãos, ao longo das últimas semanas o MDIC (Ministério de Desenvolvimento e Indústria) e o Itamaraty, com o apoio da Fazenda, desenharam potenciais cenários do tarifaço e discutiram setores que poderiam ter aumento de tarifa para produtos americanos comprados pelo Brasil.
Portanto, "sem carregar ilusão de que estaríamos fora do tiroteio", resume uma fonte do alto escalão de uma das pastas envolvidas nas discussões. "Não dá para cair na espiral de instabilidade do Trump."
A possibilidade de um alinhamento com blocos econômicos ou com outros países para enfrentar os Estados Unidos entra nesse contexto.
"Como estamos no meio do furacão, não temos a menor ideia do que virá pela frente", diz outro integrante do governo, também envolvido nas discussões sobre o tarifaço.
A dificuldade para retaliar os Estados Unidos passa pela necessidade de evitar setores e produtos que poderiam acabar inflacionando a economia brasileira —por exemplo, o petróleo, que acabaria se revertendo no aumento de preço da gasolina no Brasil.
Ontem o Senado aprovou um projeto que permite retaliação comercial do Brasil a outros países ou blocos econômicos e que deve ir à Câmara nesta tarde. A medida é importante para Lula porque formaliza uma eventual aplicação de tarifas sobre os EUA como uma resposta de Estado, não de um governante.
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