Letícia Casado

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Reportagem

Janones e ex foram alvos de investigação sobre 'rachadinha'; relembre

O deputado federal André Janones (Avante-MG) e a Prefeita de Ituiutaba (MG), Leandra Guedes (Avante), ex-mulher dele, foram investigados no inquérito que apurava a existência de um esquema de "rachadinha" no gabinete do parlamentar. Diferente de Janones, porém, Leandra não foi indiciada pela PF neste caso.

Eles mantiveram um relacionamento entre 2014 e 2018. Depois, tiveram "idas e vindas", como ela define. No Natal de 2024, Leandra conseguiu uma medida protetiva contra Janones, após ele fazer ameaças e enviar uma foto íntima dela a um secretário do município, em uma tentativa de intimidar a prefeita e forçar com que ela demitisse uma aliada, segundo ela relatou à Justiça.

Até então, porém, a relação entre os dois era de confiança, a ponto de ela ter trabalhado como voluntária na campanha derrotada de Janones para a Prefeitura de Ituiutaba, em 2016.

Em 2019, Leandra passou a trabalhar como assessora no gabinete dele na Câmara dos Deputados, cargo que ela exerceu até a eleição de 2020, quando venceu a disputa em Ituiutaba, cidade natal de Janones.

Ouvida em janeiro do ano passado, durante a investigação sobre a "rachadinha", Leandra confirmou à PF que se relacionou com Janones e que, mesmo após o término, eles seguiram sendo amigos.

À PF, Leandra negou o esquema de "rachadinha" e disse que um dos ex-assessores de Janones que denunciou o esquema foi trabalhar como secretário em Ituiutaba na gestão dela. Trata-se de Alisson Camargos, que foi exonerado do cargo três meses após o depoimento de Leandra à Polícia Federal.

Em áudio revelado em 2023 e que foi periciado depois pela PF, Camargos afirma que repassava parte de seu salário para Leandra, que seria a responsável por cobrar os valores dos funcionários. À PF, ela disse que nunca cobrou valores de nenhum assessor e que Camargos teria admitido a ela depois que estava "tonto" na época da gravação do áudio.

Na investigação, a PF utilizou ainda um relatório do Coaf para investigar as suspeitas envolvendo os ex-servidores do gabinete de Janones. Em relação a Leandra, porém, o relatório não identificou nenhuma movimentação suspeita dela no período em que estava trabalhando para o deputado.

Na versão apresentada à PF por Leandra, ele teria inventado a história para outro ex-assessor do gabinete a fim de não despertar a inveja do colega pela diferença salarial entre eles.

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Camargos também negou aos investigadores que Janones ou qualquer outra pessoa do gabinete teria lhe pedido para devolver parte do salário. Ele disse ter feito o relato sobre a devolução porque não queria emprestar dinheiro para outro assessor que lhe pedia empréstimos com frequência.

A investigação foi encerrada em 19 de março de 2025, após Janones fechar acordo com a PGR (Procuradoria-Geral da República) para pagar R$ 131 mil de indenização à Câmara dos Deputados e R$ 26,3 mil de multa. Camargos e outro ex-assessor de Janones também foram indiciados, mas não quiseram assinar acordo com a PGR.

Um levantamento feito pelo jornal O Estado de S.Paulo em dezembro de 2023 —portanto um ano antes da medida protetiva— mostra que o deputado priorizou enviar emendas para Ituiutaba por quatro anos. Ele encaminhou R$ 58,4 milhões em recursos federais, o equivalente a 76,1% de todas as emendas indicadas por ele.

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