PGR pede para apurar se ex-ministro de Bolsonaro tentou passaporte para Cid
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A Procuradoria-Geral da República atendeu a um pedido de investigação feito pela Polícia Federal para apurar se o ex-ministro Gilson Machado tentou obter um passaporte português para o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.
O pedido da PF foi feito em maio. As informações foram reveladas pelo site Platô.br e confirmadas pela coluna.
Segundo a PF, o ex-ministro do Turismo de Bolsonaro teria atuado para eventualmente ajudar em uma saída de Cid do país, o que foi interpretado pelas autoridades como uma possível tentativa de atrapalhar o andamento do julgamento da tentativa de golpe, que está em curso no STF.
Em nota, o ex-ministro afirmou que tomou conhecimento das investigações hoje pela imprensa e negou "veementemente ter ido a qualquer consulado inclusive o Português no Recife-PE."
"Assim que soube das matérias publicadas envolvendo meu nome, reitero nessa oportunidade, que apenas mantive contato telefônico em maio último, com Consulado Português, tão somente solicitando uma agenda para meu pai CARLOS EDUARDO MACHADO GUIMARÃES renovar o passaporte, o qual foi feito após dita solicitação."
Cid pediu passaporte português, mas nega saber de ação de ministro
Questionado pela coluna no intervalo da sessão do STF para interrogatório dos réus da trama golpista, Cid afirmou que não tem conhecimento da suposta iniciativa de Gilson Machado.
Cid disse que em janeiro de 2023 solicitou cidadania portuguesa e que nunca fez pedido de passaporte, que é um requerimento à parte.
Em fevereiro deste ano, o ministro Alexandre de Moraes determinou que Cid explicasse a razão de ter solicitado um passaporte português.
Em resposta ao ministro do STF, o advogado Cesar Bittencourt Cid deu entrada no pedido de cidadania portuguesa no dia 11 de janeiro de 2023 (após os ataques de 8 de janeiro). Segundo a defesa, o pedido foi feito "única e exclusivamente" porque a esposa e as filhas dele já possuem a cidadania portuguesa.
O que diz o pedido da PGR
A coluna teve acesso ao pedido de abertura de inquérito. No documento, a PGR afirma que em 12 de maio de 2025 Gilson Machado foi ao consulado de Portugal no Recife "com o propósito de obter a expedição de um passaporte português em favor de Mauro César Barbosa Cid, para viabilizar sua saída do território nacional".
No entanto, ele não obteve sucesso na emissão do documento, "sendo possível, porém, ele busque alternativas junto a outras embaixadas e consulados com o mesmo objetivo".
Segundo a PF, dados do celular de Mauro Cid mostram que, em janeiro de 2023, ele procurou serviço de assessoria para obtenção da cidadania portuguesa, "ocasião em que enviou imagens de sua carteira funcional, comprovante de cidadania portuguesa" e do passaporte português de sua mãe, Agnes.
Obstrução à investigação
Os investigadores entendem que a iniciativa do ex-ministro do Turismo configura tentativa para obstruir a instrução da ação penal da trama golpista "e das demais investigações que seguem em curso, possivelmente para viabilizar a evasão do país do réu Mauro César Barbosa Cid, com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal, tendo em vista a proximidade do encerramento da instrução processual".
O "núcleo crucial ", no qual Jair Bolsonaro responde pelo processo, já está em fase de interrogatório dos réus.
A PGR solicita medidas cautelares, tais como o afastamento do sigilo de dados telemáticos e cadastrais — que são diferentes de interceptação de comunicações.
O objetivo é que, a partir dos registros seja possível reunir informações como ligações feitas ou recebidas, localização geográfica e trocas de mensagens sobre a logística empreendida por Gilson Machado para favorecer os réus da ação penal.
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