Postura de Bolsonaro irrita aliados por 'humanizar' Moraes
A postura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante seu interrogatório no STF (Supremo Tribunal Federal) irritou aliados.
Réu acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado, ele fez piadas e pediu desculpas ao relator do processo, o ministro Alexandre de Moraes.
O resultado, dizem pessoas próximas a Bolsonaro, é que ele humanizou Moraes e acabou ajudando a formar uma imagem de que o ministro é uma pessoa simpática.
As críticas ao ex-presidente abarcam, ainda, uma comparação com Donald Trump. O americano teve postura combativa contra os investigadores durante seus processos nos Estados Unidos e ficou eternizado por uma imagem histórica: a foto de sua ficha criminal, na qual está com cara de bravo, remetendo ao que diz ser uma perseguição do sistema judicial contra ele.
Aliados de Bolsonaro se dizem especialmente decepcionados com a brincadeira de o ex-presidente convidar o ministro para ser seu vice em 2026.
A avaliação é que, além de toda essa simpatia não resultar em um eventual abrandamento de pena, caso ele seja condenado, ainda vai esvaziar a narrativa de que Bolsonaro foi vítima de um juiz autoritário.
Bolsonaro adotou a postura pacificadora e divertida após ser aconselhado por seus advogados e pelo ex-presidente Michel Temer (MDB).
Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação da gestão Bolsonaro, sintetizou o sentimento de irritação dos apoiadores em uma postagem no X: "Eu fui muito OTÁRIO", escreveu ele ao repostar o vídeo em que Bolsonaro chama de "malucos" aqueles que pediam intervenção militar.
A repercussão das falas do ex-presidente foi sentida pela família.
Seu filho Eduardo Bolsonaro foi às redes explicar a piada sobre a vaga de vice. Disse que a colocação era uma ironia; que "a graça consiste no ABSURDO do cenário apresentado como fictício"; que "a ÚLTIMA pessoa no planeta que seria escolhida para vice dele seria o Moraes" e reafirmou a candidatura do pai à Presidência em 2026. Jair Bolsonaro está inelegível por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Reportagem
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