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Alta popularidade de Tarcísio acende a ciumeira no bolsonarismo
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A pesquisa AtlasIntel divulgada hoje mostra que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, teve uma ascensão meteórica de popularidade que vai além do bolsonarismo. Poderia ser uma notícia excelente diante da inelegibilidade do ex-presidente, mas acendeu a ciumeira dentro do próprio grupo político. Hoje ele foi hostilizado na reunião sobre reforma tributária com os parlamentares do PL.
Jair Bolsonaro encampou uma briga política em torno da reforma tributária e, segundo aponta a mesma pesquisa, pode ter sido uma decisão completamente desastrada. O projeto tem aprovação de 54% dos entrevistados e rejeição de 20%, com uma porção de 25% em dúvida.
Entre os eleitores do ex-presidente, apenas 41% têm a opinião contrária à reforma. Os que estão em dúvida são 28% e 31% dos bolsonaristas são favoráveis ao projeto. Escolher justo este tema para tentar um terceiro turno contra Lula é uma furada. Além disso, muitos parlamentares e economistas conservadores estão a favor da reforma. Dizem que há erros, mas que se pode consertar muita coisa e é melhor que o modelo atual.
Tarcísio de Freitas não cometeu esse erro. Aliás, nem pode se dar esse luxo de politizar por politizar sem sem importar com a realidade. É governador de Estado.
Jair Bolsonaro fez uma longa postagem nas redes sociais combatendo a reforma. Em nenhum momento ele fala do projeto em si ou dos problemas no texto, que existem. Trata a questão como de pronta rejeição por ser um projeto do governo Lula e elenca os motivos pelos quais é contra o atual presidente.
O governador de São Paulo atua na questão de uma maneira muito diferente. Ontem ocorreu um dos episódios políticos mais importantes dos últimos tempos, na minha opinião. Tarcísio de Freitas e Fernando Haddad deram uma entrevista coletiva à imprensa juntos, falando como adultos e de maneira civilizada.
Não passaram a ser aliados nem concordavam sobre o tema da reforma tributária. Ainda assim, foram capazes de expor seus pontos de vista lado a lado, de forma respeitosa, com abertura ao diálogo, sem ataques pessoais nem egotrips. Foi uma imagem forte nesse ambiente de polarização tóxica que vivemos, já que mostra um outro universo possível e completamente diferente.
Segundo a pesquisa AtlasIntel, a popularidade de Tarcísio de Freitas é maior até que a de Lula, com 54% de aprovação. O presidente tem 51%. A rejeição do governador é a menor dos políticos pesquisados, 26%, uma diferença de 28 pontos percentuais entre aprovação e desaprovação. Já a rejeição do presidente da República é maior, de 46%.
Diante da inelegilibilidade de Jair Bolsonaro, o nome de Tarcísio passa a ser visto como viável para encabeçar a direita brasileira. E ele começa a tomar pedrada. Foi vaiado por parlamentares do PL, uma baixaria. Bolsonaro, dando uma no cravo e outra na ferradura, falou no encontro sobre a falta de experiência do aliado. Ricardo Salles foi no fígado, dizendo que é mais fácil fazer estrada do que combater a esquerda.
A polarização entre Lula e Bolsonaro tem a semelhança dos grupos apaixonados, mas é profundamente diferente em sua formação. Lula é um líder que construiu a própria base social e se fez líder inquestionável ao longo de décadas. Jair Bolsonaro assumiu pautas que estavam sem um rosto e virou o líder de um grupo que não foi ele quem formou, já estava formado. É um processo de sucessão muito mais fácil de ser viabilizado.
Estamos ainda muito longe das próximas eleições. Reputações são construídas a duras penas e podem ser destruídas rapidamente, basta um bom marketeiro trabalhando contra. Nas redes sociais já existe um balcão de apostas: Tarcísio herdará o legado do clã Bolsonaro ou será desidratado como Sérgio Moro e Mandetta? Nos resta aguardar as cenas dos próximos capítulos.
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