Até Bolsonaro diz que o caso Marcos do Val é coisa de maluco
O caso envolvendo o senador Marcos do Val está seguramente nos top 5 das histórias mais rocambolescas da política brasileira. Hoje, o ex-presidente Jair Bolsonaro falou à PF sobre o caso e usou a expressão "coisa de maluco", segundo a íntegra do depoimento publicada no UOL por Carla Araújo, Leonardo Martins e Rafael Neves.
O caso explodiu em fevereiro, mas meses depois ainda é difícil entender exatamente o que aconteceu ali. Pode ter sido algo gravíssimo, uma trama de golpe de Estado envolvendo a tentativa de gravação ilegal do ministro do STF Alexandre de Moraes. Pode também ter sido apenas falatório usando a mídia e as mídias sociais. A Polícia Federal é quem vai nos dar a resposta final.
Tudo começou no calor da briga pela presidência do Senado dentro da direita, envolvendo os nomes do atual presidente Rodrigo Pacheco e do senador Rogério Marinho. Favorável a Marinho, ele cumprimentou Pacheco pela vitória. Mas algo aconteceu ali que levou Marcos do Val a dizer que sairia da política. Muita gente entendeu que ele iria renunciar ao mandato, mas logo depois ele disse que não faria isso.
Até aí, estava tudo dentro da normalidade tão peculiar da política brasileira. A coisa mudou quando o senador participou de uma live do MBL com Arthur Mamãe Falei e Renan dos Santos. Afirmou o seguinte: "eu vou soltar uma bomba aqui para vocês: sexta-feira (3 de fevereiro), vai sair na Veja a tentativa do Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele. É lógico que eu denunciei."
Quando o caso explodiu na imprensa, a coisa ficou parecendo mais um jogo duplo. O senador Marcos do Val conversava com Daniel Silveira sobre uma possibilidade de golpe de Estado mas também mantinha conversas com Alexandre de Moraes.
Seria uma espécie de plano infalível do Cebolinha para anular as eleições. Ao que tudo indica, tendo como referências as conversas entre o ex-deputado Daniel Silveira e o senador, a ideia seria gravar eventuais inconfidências de Alexandre de Moraes sobre o processo eleitoral. Isso serviria para anular as eleições.
A ideia, aparentemente, era ganhar a confiança do ministro enviando prints de mensagens tramando um golpe. Então haveria uma reunião particular entre os dois. Essa seria a oportunidade para a gravação ilegal que, no enredo do plano do Cebolinha, poderia ensejar a anulação das eleições.
Já sabíamos que o senador enviou prints de mensagens de Daniel Silveira a Alexandre de Moraes. Hoje, com o depoimento de Jair Bolsonaro, soubemos com certeza que ele também enviava prints das conversas com o ministro para o ex-presidente. O senador não economizou em novas versões para o fato, foram inúmeras.
Jair Bolsonaro tratou hoje, na Polícia Federal, de se descolar completamente de Marcos do Val. Admitiu ter ouvido de Daniel Silveira que o senador teria uma informação para "abalar a República". Disse, no entanto, que desconhecia a trama para gravar o ministro do STF.
A mensagem mais importante que o senador enviou ao ex-presidente é um print de algo enviado ao ministro Alexandre de Moraes. Marcos do Val dizia que foi coagido por Daniel Silveira, mas que Jair Bolsonaro não tinha nada a ver com a trama de golpe. Segundo o depoimento, o ato foi lido como uma tentativa de aliviar tensões políticas - e também "coisa de maluco".
Qualquer que seja o desfecho, é um caso que precisa fazer o eleitor brasileiro repensar seus critérios para dar poder a alguém. Um senador eleito, quem quer que seja ele, ganha o poder de conseguir audiências com ministros do STF e com o próprio presidente da República. Isso deveria ser utilizado para resolver problemas nacionais e investir no futuro do país. Infelizmente, vemos que outros usos também são possíveis.
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