Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Villa: O Exército da picanha e do filé mignon
A cada dia fica mais patente a necessidade de reformar profundamente as Forças Armadas brasileiras, em especial o Exército, a Arma mais poderosa, com o maior número de contingente e que fica com parte considerável do orçamento militar.
Basta observar a distribuição dos contingentes militares pelo país para que fique evidente que as Forças Armadas se transformaram numa imensa, ineficiente e modorrenta repartição pública. O Rio de Janeiro lidera com folga —como se estivesse sendo ameaçado de invasão estrangeira. As Três Armas têm uma predileção especial pela antiga capital. Gostam muito também de Brasília, porém não simpatizam com as fronteiras —estamos entre os países com a maior extensão fronteiriça— e muito menos com a região amazônica.
Os equipamentos estão obsoletos e os exercícios militares beiram o ridículo. Basta recordar a Marinha e o desembarque anfíbio no seco, em Goiás, isto quando temos um dos maiores litorais do mundo —e, registre-se, pessimamente patrulhado.
O ensino militar ainda padece dos tempos da Guerra Fria. E as promoções são, no mínimo, questionáveis. Uma pergunta: em qual Exército do mundo Eduardo Pazuello seria general? Em qual? No máximo poderia chegar a cabo e olhe lá!
É urgente a necessidade de rediscutir o perfil das Forças Armadas. Para as necessidades nacionais precisamos que as Três Armas enxuguem seus contingentes, busquem um alto desenvolvimento tecnológico e se profissionalizem urgentemente. E mais: tenham em todas as fases do ensino e especialização militares o estudo da Constituição, o respeito ao ordenamento legal. O golpismo não combina com as Forças Armadas de um país democrático.
Agora ficamos sabendo que a verba para o combate à Covid foi gasta com picanha e filé mignon. O otimista diria que ninguém é de ferro. Quem não gosta de uma picanha? Porém, salvo engano, as Forças Armadas não são um imenso rodízio. Contudo muitos dos seus oficiais discordam. Basta observar a silhueta do general (ou cabo, se preferirem) Pazuello.
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