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Marco Antonio Villa

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Villa: Adeus, Bolsonaro!

GABRIELA BILÓ/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: GABRIELA BILÓ/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

14/01/2022 12h02

Jair Bolsonaro já está derrotado. Foi o pior presidente da história republicana —e, olha, tivemos cada um.... A pergunta que fica é o que fará até entregar o governo em 1º de janeiro de 2023?

Se o cenário eleitoral de outubro continuar a apresentar uma candidatura que derrete a cada mês, a tendência inicial por parte de Bolsonaro é de ampliar os ataques ao Estado democrático de Direito. Irá falar cada vez mais para cada vez menos, para o chamado bolsonarismo-raiz. Não terá efeito eleitoral, mas vai esgarçar a frágil democracia brasileira, isso em um ano marcado pela estagnação econômica e a permanência da pandemia.

Frente ao inevitável fracasso, Bolsonaro deverá perder apoio político eleitoral do "big center". Será um enfraquecimento homeopático, mas que já no segundo trimestre poderá levá-lo até a renunciar à reeleição ou —e aí seria uma benção dos céus— à Presidência da República, nesta última hipótese buscando até algum tipo de benefício legal frente aos seus diversos crimes.

Como esperado, Bolsonaro voltou a atacar o TSE e o STF. Se em anos anteriores isso poderia ser um aparente sinal de força, hoje é manifestação de fraqueza —mais até: de frouxidão e de medo. É conhecida a covardia de Bolsonaro e o genocida já percebeu que, com a nova situação política instalada em janeiro de 2023, os processos no Rio de Janeiro vão finalmente tramitar e o resultado ele já sabe: a condenação em regime fechado, a cadeia.

A ameaça de um golpe de Estado com o auxílio do "meu Exército" também não terá mais eficácia. O pronunciamento do contra-almirante Barra Torres foi um divisor de águas. Restará buscar o apoio dos seus fanáticos. Contudo, nada indica que poderá obter êxito. O canto do cisne do reacionarismo bolsonarista foi o 7 de setembro de 2021.

A certeza é que Bolsonaro vai criar muitos problemas. Teremos o processo eleitoral mais tenso desde 1989 —e com muitas surpresas. Nada está decidido, inclusive porque o jogo nem sequer começou. Basta recordar as eleições de 2014 —com a morte de Eduardo Campos e ascensão de Marina Silva— e de 2018 —o papel central do atentado de Juiz de Fora no resultado do primeiro turno.

Vamos virar esta triste página da nossa história, a mais cruel. E ouvindo o grande poeta Thiago de Mello, que, hoje, nos deixou:

Faz escuro mas eu canto,
porque a manhã vai chegar.
Vem ver comigo, companheiro,
a cor do mundo mudar.
Vale a pena não dormir para esperar
a cor do mundo mudar.
Já é madrugada,
vem o sol, quero alegria,
que é para esquecer o que eu sofria.
Quem sofre fica acordado
defendendo o coração.
Vamos juntos, multidão,
trabalhar pela alegria,
amanhã é um novo dia