OPINIÃO
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Villa: Bolsonaro caminha para a cadeia
Marco Antonio Villa
Marco Antonio Villa
https://noticias.uol.com.br/colunas/marco-antonio-villa/index.amp.htmNasceu em 1955 na cidade de São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Em Santo André passou parte da infância e da adolescência. Completou o Ensino Médio em São Paulo. Iniciou o curso de Economia mas acabou se formando em História na Universidade de São Paulo, onde também obteve os títulos de Mestre em Sociologia e Doutor em História. Foi durante trinta anos professor universitário. Atualmente possui um programa diário em seu canal YouTube que conta com mais de 105 MILHÕES de visualizações e mais de 622 MIL de seguidores. Suas entrevistas exclusivas no Canal YouTube Marco Antonio Villa - Blog do Villa chegam a alcançar quase 1 milhão de visualizações. É também comentarista do Jornal da Cultura e colunista da IstoÉ. Presente nas mídias sociais com mais de 2 milhões de seguidores além da presença em seu site www.cursosdovilla.com.br e o blog chamado "Blog do Villa". Com sua linguagem transversal, abrange não só o mundo acadêmico mas também um público heterogêneo e com interesse por história e política. Hoje é considerado um dos maiores conhecedores da História Política do nosso país com seus mais de 30 livros publicados, alguns dos quais tornaram- se best-sellers e referências bibliográficas para o estudo da História do Brasil nos séculos XIX,XX e XXI. Muitos de seus livros são citados em teses universitárias no Brasil, Europa e Estados Unidos. Autor de mais de 30 livros. Está prestes a lançar livro História Geral do Brasil.
Colunista do UOL
21/01/2022 11h06
O elo mais fraco da organização criminosa chefiada por Jair Bolsonaro é o Rio de Janeiro. Lá, tanto na Câmara dos Vereadores como na Assembleia Legislativa, foi organizado o esquema das rachadinhas. Reportagem da revista Veja com o íntimo amigo de Bolsonaro, o capitão Waldir Ferraz, expõe parte do funcionamento do esquema.
Mais uma vez, alguém do entourage de Bolsonaro, toca no tema mais sensível para o presidente da República, especialmente em um ano eleitoral. Fica no ar a impressão de que os seus velhos amigos querem receber o devido pagamento pela fidelidade de décadas ao esquema criminoso das rachadinhas. Quando Fabrício Queiroz manifesta o desejo de ser candidato à deputado federal com o apoio da famiglia Bolsonaro, é um claro sinal de que está cansado de passar por dificuldades financeiras enquanto o chefe se locupleta no Palácio do Planalto. Não custa recordar a entrevista dada no ano passado para o SBT quando ele manifestou que estava amargurado com o esquecimento de Bolsonaro,
O esquema criminoso tem muitos fios desencapados. Teve a participação de dezenas de funcionários fantasmas. Mas, curiosamente, até o momento somente dois amigos de Bolsonaro trataram do tema. Tudo indica que os demais participantes estão aguardando o momento correto para denunciar a maracutaia. E que, o que é plenamente justificável, temem pela vida. Afinal, é uma organização criminosa que tem laços com o crime organizado carioca. Vale recordar a amizade de Bolsonaro com o ex-capitão Adriano da Nóbrega, executado pela polícia baiana em 2020, e com Ronnie Lessa, o assassino de Marielle Franco.
O capitão Waldir Ferraz parece uma figura patética. Parece, mas não é. É homem de confiança de Bolsonaro. Inclusive - sinal dos tempos sombrios que vivemos - tem um serviço de informações próprio e que abasteça diariamente o Presidente da República. Ter acusado a segunda esposa de Bolsonaro como única organizadora e beneficiária do esquema das rachadinhas causa estranheza. Mais ainda ao dizer que Bolsonaro de nada sabia, o que é uma piada de mau gosto.
Tudo indica que teremos novidades sobre o caso. Muitos dos participantes do esquema deverão ser procurados pela imprensa ou, até, por partidos políticos contrários a Bolsonaro. E, certamente, terão muito a dizer. Contudo, a investigação vai ficar paralisada por motivos alheios à Justiça.
Mas, como diz a música, "está chegando a hora". Bolsonaro caminha para o fim do seu mandato. Sabe que não haverá mais empecilhos para que as investigações sobre as rachadinhas finalmente cheguem a bom termo. E aí, como se dizia no passado, "vai ver o sol nascer quadrado".
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL