Mariana Sanches

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Reportagem

Lula sobre G7: 'Eu participo para não dizerem que recuso a festa dos ricos'

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva chegou a Calgary, no Canadá, no início da noite desta segunda, 16, para participar da reunião do G7, o grupo dos países mais industrializados do mundo. É a nona vez que Lula comparece ao que chamou de "festa dos ricos".

Desta vez, seria a primeira vez que o brasileiro se encontraria com o presidente americano Donald Trump frente a frente, mas o encontro foi frustrado com a repentina partida do republicano de volta a Washington na noite de segunda. Trump justificou o antecipado retorno pela escalada de tensão no Oriente Médio, que foi alvo de comentários de Lula.

"Qualquer conflito me preocupa. Eu sou um homem que nasci para a paz. Em um momento em que o mundo está precisando de recursos para transição energética, para combater a miséria no mundo, obviamente que o conflito me incomoda profundamente, e é isso que eu quero falar um pouco amanhã", afirmou Lula, na chegada ao hotel Fairmont, onde está hospedado.

O presidente brasileiro tinha planejado dar uma série de recados inclusive para Trump. Entre suas mensagens, ele deve condenar os conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia e reforçar a necessidade de que os líderes mundiais tomem medidas para combater as mudanças climáticas e promover a transição energética. Segundo auxiliares do presidente, a partida de Trump não deve alterar o teor das mensagens, mas o texto do discurso ainda estava em aberto na noite desta segunda.

Além disso, Lula deve ter uma série de bilaterais. Encontrará com o primeiro-ministro canadense Mark Carney, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o chanceler alemão Friedrich Merz, a presidente da Comissão Europeia Ursula Von der Leyen. Há ainda a possibilidade de uma conversa com o recém-eleito presidente coreano Lee Jae-myung. Lula espera deixar o evento com a confirmação de participação de todos os líderes, à exceção de Trump, na COP-30, em Belém, em, novembro.

Rússia, G20 e G7

Mais cedo, o presidente americano disse ao líder canadense Mark Carney que foi "um erro" ter expulsado a Rússia do grupo em 2014, quando o líder Vladimir Putin invadiu a Criméia, território ucraniano. Questionado se concordava com a afirmação de Trump, Lula tergiversou:

"O Putin participava do G8. Eu acho que o G7, no fundo, depois do G20, não há nem necessidade de existir. O G20 é mais representativo", disse. O encontro com Zelensky deve servir para que o ucraniano reforce o pedido de que o governo brasileiro reforce com os russos e outros aliados que os ucranianos não devem estar fora de uma mesa de negociação de paz.

Lula relembrou que o grupo completará 50 anos agora e disse que o encontro é uma "questão cultural". "Existe desde 1975, desde a crise do petróleo, sabe? Só os primos ricos se reúnem. Mas eles estão no G20, que eu acho que tem mais importância, tem mais densidade humana, tem mais densidade econômica", afirmou. O Brasil sediou o último encontro dos líderes do G20, no ano passado, no Rio de Janeiro.

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"De qualquer forma, eu sou convidado, desde que eu fui eleito em 2003. Eu participo para não dizer que eu recuso a festa dos ricos", disse Lula, que desviou de comentar a derrota do governo na Câmara no caso do IOF. Nesta segunda, os deputados aprovaram pedido de urgência para sustar os efeitos da medida.

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