Mariana Sanches

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Reportagem

G7 culpa Irã por crise no Oriente Médio, mas pede por cessar-fogo em Gaza

Depois que funcionários da Casa Branca passaram o dia sugerindo que Donald Trump não assinaria qualquer tipo de declaração conjunta do G7 sobre a crise Irã-Israel, na noite de ontem uma declaração do grupo de países mais industrializados, com o endosso do presidente dos EUA, foi divulgada.

Em linhas gerais, o texto repete os argumentos da Casa Branca sobre o direito e a necessidade de Israel de se defender e responsabiliza o Irã como fonte das tensões e hostilidades no Oriente Médio.

"Afirmamos que Israel tem o direito de se defender. Reiteramos nosso apoio à segurança de Israel", dizem os líderes do G7.

Em 7 de outubro de 2023, o grupo palestino Hamas praticou um massivo ato terrorista contra o território israelense, que levou à invasão de Gaza, aos ataques de Israel ao Hezbollah, no Líbano e, agora, aos ataques israelenses ao Irã. Tanto o Hamas quanto o Hezbollah operavam como proxies do regime iraniano na região.

E o Irã vinha intensificando seu programa de enriquecimento de urânio e estaria próximo a obter armamento nuclear, de acordo com Israel, o que justificaria a ação militar do governo de Benjamin Netanyahu contra Teerã, iniciada há 5 dias.

"O Irã é a principal fonte de instabilidade e terror na região. Temos sido consistentemente claros ao afirmar que o Irã jamais poderá ter uma arma nuclear", afirma o comunicado.

O ataque militar de Israel ao Irã interrompeu negociações diplomáticas entre os iranianos e os americanos para a interrupção do programa nuclear iraniano. Trump tem insistido para que os negociadores do Irã retornem à mesa enquanto ainda há tempo de evitar maiores consequências bélicas.

De modo ambíguo, porém, o texto do comunicado do G7 pede também por "uma resolução da crise iraniana que leve a uma desescalada generalizada no Oriente Médio, inclusive um cessar-fogo em Gaza". O comunicado não deixa claro o que entende ser uma "resolução da crise iraniana": se por vias diplomáticas ou por meios bélicos. E, de modo genérico, o comunicado cita a importância da proteção a civis.

Gaza enfrenta uma grave crise humanitária diante da ofensiva militar dos israelense e do bloqueio de ajuda internacional ao território palestino. Parte dos países do G7, como Canadá, Reino Unido e França tem ameaçado "medidas concretas" contra Israel caso Netanyahu não alivie o cerco a Gaza. Já Trump se mostrou favorável ao plano de Netanyahu de remover os palestinos de suas terras e reassentá-los em outros países árabes. O republicano chegou a mencionar o plano de construir um balneário de luxo em Gaza, uma "riviera do Oriente Médio".

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Diante dessas discordâncias, os canadenses, anfitriões do G7 este ano, se mostravam reticentes sobre a possibilidade de um comunicado conjunto. Já o chanceler alemão Friedric Merz defendia publicamente que uma posição em grupo sobre a crise Irã-Israel era possível.

A tensão na região foi a justificativa dada por Trump para se despedir do G7 ainda na noite desta segunda-feira. Ele deixou o Canadá antes mesmo que o comunicado conjunto fosse divulgado.

Trump deu a entender que seu retorno ao Washington se devia à necessidade de retomar as conversas com os iranianos: "eles querem um acordo". Mais cedo, no entanto, ainda durante os eventos do G7, Trump usou sua rede social Truth para postar uma mensagem recomendando que todos os "civis deixassem Teerã", o que gerou especulações sobre um aprofundamento da guerra

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