Bannon: base trumpista está 'cética' sobre motivos para atacar o Irã

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Um dos principais ideólogos do trumpismo e conselheiro do presidente americano Donald Trump, Steve Bannon admitiu na noite de hoje que a base eleitoral MAGA (Make America Great Again, ou, Faça a América Grande de Novo) está "cética" a respeito das justificativas que levaram o republicano a atacar três bases nucleares do Irã há poucas horas.
Em seu show online "War Room", Bannon Disse que "os EUA se tornaram um combatente na guerra persa" e avaliou que a estratégia de Trump deveria ser a de um ataque pontual, "limitado". Segundo ele, Trump ainda está no começo de seu mandato, e o país não poderia ser "arrastado para uma guerra quando ainda tem 10 milhões de estrangeiros ilegais para expulsar", disse Bannon. "Me parece algo concentrado, não vamos ficar jogando bomba, em cima de bomba, em cima de bomba", especulava Bannon.
O assunto é explosivo para a base trumpista já que o presidente se elegeu com o mote de ser "pacificador", prometeu que acabaria com conflitos, como a Guerra da Ucrânia, em 24 horas e repetiu diversas vezes que ações bélicas como a da Rússia jamais teriam acontecido se ele fosse o presidente.
O envolvimento dos EUA em uma guerra iniciada por Israel no Oriente Médio é altamente impopular nos círculos MAGA. Descontentamento com a condução do assunto já havia surgido ao longo da semana e deve se aprofundar agora.
Trump sugeriu em seu post de anúncio do ataques, via redes sociais, que esperava que o ato fosse isolado ao bombardeio das 3 áreas nucleares (Fordow, Natanz e Isfahan) atingidas esta noite. "Agora é a hora de paz", escreveu. Esse desfecho, porém, é improvável, já que o regime iraniano havia alertado que retaliaria com ataques a bases militares americanas na região se os EUA se envolvessem diretamente no conflito, que atinge hoje seu nono dia. Se houver resposta iraniana, é esperado que os EUA respondam.
Os participantes do show de Bannon na noite deste sábado diziam sem cerimônia que Trump tinha "um difícil trabalho pela frente de conectar os pontos" e justificar o ato bélico americano. E cobravam por mais informações do FBI e da CIA sobre as ameaças nucleares iranianas.
A inteligência americana não contava com informações de que os iranianos estariam próximos da bomba nuclear como diziam os israelenses.
Entre a base trumpista há apreensão de que Trump acabe se tornando uma versão de George W. Bush, que invadiu o Iraque a pretexto de destruir armas de destruição em massa supostamente desenvolvidas por Saddam Hussein. A justificativa se comprovou falsa e é tida hoje por republicanos e democratas como um erro histórico do país.
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