"Borat" fala sério, Weintraub não
Ministro falando besteira e humorista falando sério. Tempos estranhos.
Ontem, no mesmo dia em que Abraham Weintraub fez a bizarra afirmação de que tem "plantação extensiva de maconha" nas universidades (sem citar fontes, é claro), em Nova York o humorista Sacha Baron Cohen alertou para os perigos de um mundo onde meia dúzia de empresas bilionárias dão poder para... políticos disseminarem fake news, entre outras atrocidades.
Cohen - conhecido por filmes como "Borat" e pela ótima série de TV "Who is America?" - afirmou que se Hitler estivesse no poder hoje provavelmente o Facebook lhe venderia anúncios para defender a "solução final" contra os judeus. E defendeu intervenção estatal contra o que ele considera uma "ameaça à Democracia".
O alerta é válido.
Quem produz conteúdo para Internet sabe que rede social é terra de ninguém: robôs sem muita inteligência artificial controlando, de forma errática, os posts dos usuários. Rigor draconiano contra mamilos e fiscalização frouxa contra mentiras e anticiência.
Dinheiro
Por outro lado, em se pagando, tudo pode: Bettina vende o segredo do primeiro milhão sem esforço. Outros prometem a cura natural da diabetes. Sem contar o "estranho caso da vovó que foi presa por aparentar ter 25 anos".
Na política, o impacto de tamanho poder (e tamanha irresponsabilidade) já mudou os rumos da História. Regras que protegem a soberania do voto popular foram e continuam sendo burladas.
Confortáveis nesse universo em que podem falar o que bem entendem ao seu eleitorado, políticos de diferentes correntes demonizam a grande imprensa, claro. Quem precisa de perguntas chatas? Quem precisa da verdade?
Como Sacha Baron Cohen provou ano passado em "Who is America?", onde políticos e subcelebridades se colocaram em posições vexaminosas justamente por não checarem fontes, a pós-verdade venceu.
Oremos.
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