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Mauricio Stycer

REPORTAGEM

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Sem acordo salarial, jornalistas e radialistas da TV Brasil anunciam greve

Protesto de funcionários da EBC na assembleia que decretou greve a partir de sexta-feira  - Reprodução
Protesto de funcionários da EBC na assembleia que decretou greve a partir de sexta-feira Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

24/11/2021 16h56Atualizada em 15/12/2021 11h34

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Jornalistas e radialistas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) aprovaram greve a partir de 0h de sexta-feira (26) por tempo indeterminado. A EBC é responsável pela TV Brasil, Agência Brasil e sete emissoras de rádio, entre as quais a Nacional e MEC, do Rio.

A decisão foi tomada em assembleias simultâneas realizadas no Rio de Janeiro, em Brasília e em São Paulo. Segundo o sindicato, cerca de 300 funcionários participaram das assembleias de forma presencial.

Os funcionários dizem que a empresa não promove uma "efetiva negociação" desde 2020. O último acordo coletivo foi aprovado em 2019.

Segundo eles, após um ano de negociações sem chegar a um acordo, a EBC anunciou no último dia 12 a extinção de 23 direitos previstos no antigo Acordo Coletivo de Trabalho, e que valiam até então, entre os quais auxílio à pessoa com deficiência, estabilidade de 60 dias após o retorno da licença maternidade e estabilidade de dois anos antes da aposentadoria.

EBC - Reprodução - Reprodução
Cartaz anunciando a greve dos funcionários da EBC
Imagem: Reprodução

Em comunicação aos funcionários, naquela data, afirmando se basear em uma decisão do STF e na mudança da CLT, a direção da EBC disse que "há novo cenário a recomendar a impossibilidade de manutenção de cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho 2018/2020, já vencido".

"A greve ocorre neste contexto de desmonte da empresa, assédio moral, censura e muito autoritarismo nas negociações", diz Juliana Nunes, funcionária licenciada da EBC e coordenadora do Sindicato dos Jornalistas do DF.

Procurada pelo UOL, a EBC não se manifestou sobre o movimento dos funcionários.

Desejo de privatizar a EBC

Na sua primeira entrevista como presidente eleito, no final de outubro de 2018, Jair Bolsonaro prometeu "privatizar ou extinguir" a TV Brasil. "Não podemos gastar mais de R$ 1 bilhão por ano com uma empresa que tem traço de audiência. Nós preferimos confiar na mídia tradicional quando o governo quiser fazer os seus anúncios que tem que fazer", disse à Record.

Poucas coisas nas duas frases restaram em pé. A Agência Lupa, especializada em checagem de fatos, corrigiu o dado numérico no mesmo dia. A EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que gere a TV Brasil, recebeu, em 2017, R$ 503 milhões em transferências da União, de acordo com o demonstrativo de resultado da empresa.

Três anos depois, Bolsonaro não extinguiu nem privatizou — ainda — a TV Brasil. Tampouco dá sinais de "confiar na mídia tradicional". O presidente confia, sim, em uma parcela da mídia que é dócil com o seu governo.