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Mauricio Stycer

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Imagens do espancamento de Moïse Kabagambe chocam mas precisam ser exibidas

Homem espanca congolês Moïse Kabagambe com um pedaço de madeira - Reprodução
Homem espanca congolês Moïse Kabagambe com um pedaço de madeira Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

02/02/2022 13h50

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As imagens que registram a violência e a crueldade contra o congolês Moïse Kabagambe voltaram a provocar um tipo de discussão compreensível sobre a necessidade, ou não, de exibi-las. As cenas são tão chocantes que, de fato, podem provocar mal-estar em quem as assiste.

As imagens enviadas à imprensa pela Polícia Civil mostram ao menos 20 minutos de agressões —foram desferidas 11 pauladas enquanto a vítima estava em luta corporal com os agressores e outras 15 quando ele já estava imóvel no chão.

O interesse jornalístico do material audiovisual é indiscutível. Só vendo as imagens é possível entender claramente a violência que o imigrante sofreu. Por este motivo, o UOL publicou uma versão editada (com 1:35 min) e um alerta ao espectador: "Atenção: imagens fortes".

Outros veículos tomaram medidas semelhantes e também se preocuparam em alertar os espectadores. Mas será que este aviso é suficiente?

Entendo que, para muita gente, não seja necessário ver o vídeo. É possível ter uma boa ideia do que aconteceu apenas lendo a descrição mais geral do que ocorreu. E também é desnecessário ver as imagens do espancamento para saber que o episódio não é isolado e se enquadra numa situação maior, de racismo, desrespeito com imigrantes, sentimento de impunidade e desvalorização da vida.

Infelizmente, porém, nem todo mundo tem conhecimento deste estado de coisas no Brasil. Essas pessoas precisam ver as imagens. O choque que as cenas produzem, de alguma forma, pode ser educativo.