Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Ciro Gomes confunde entrevista no Roda Viva com bate-papo em podcast amigo
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O "Roda Viva" com Ciro Gomes (PDT) nesta segunda-feira (15), véspera do início oficial da campanha eleitoral de 2022, antecipou um problema que vamos testemunhar nas próximas seis semanas. O interesse da mídia tradicional em ouvir os candidatos a cargos executivos vai esbarrar na falta de disposição dos políticos em serem questionados.
Desde o início da entrevista na TV Cultura, Ciro se mostrou pouco à vontade com perguntas e contrapontos feitos por jornalistas. Parecia irritado, supondo que os entrevistadores não estavam dispostos a ouvi-lo, o que não se revelou verdadeiro. Reclamou de interrupções, mas elas só ocorreram após falas longuíssimas, que caracterizaram mais discurso eleitoral do que respostas a perguntas.
Em mais de uma ocasião, foi deselegante com os seus entrevistadores, corrigindo ou comentando perguntas. Pedante e irritado, dirigiu-se a Flávio Costa em inglês: "Read my lips" ("leia os meus lábios"). Reclamou com a apresentadora Vera Magalhães de "hostilidade" quando, na verdade, ele é que estava sendo hostil.
À época do desastroso "Roda Viva" com Manuela D´Ávila, em 2018, escrevi sobre como a então pré-candidata à Presidência pelo PC do B foi desrespeitada, interrompida mais de 40 vezes e alvo de preconceitos. O então apresentador Ricardo Lessa insistiu sete (7) vezes em saber a sua opinião sobre Josef Stálin (1879-1953) e o stalinismo.
Não aconteceu nada parecido no "Roda Viva" com Ciro Gomes. Creio que ele esperava uma recepção como aquelas oferecidas por alguns podcasts populares, em que os entrevistadores apenas levantam a bola e dão espaço para longas respostas, sem nenhum contraponto, e ainda cobrem o entrevistado de elogios e tapinhas nas costas. O que ocorreu foi uma tentativa de entrevista, com jornalistas preparados, boas perguntas e o saudável hábito de replicar o entrevistado.
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