Associações alvo da PF faziam descontos em 5,4 milhões de contas do INSS
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As associações investigadas por fraude em descontos na aposentadoria pelo INSS cobraram mensalidades na conta de 5,4 milhões de beneficiários no primeiro trimestre de 2024, segundo relatório da Controladoria-Geral da União (CGU).
A Polícia Federal deflagrou hoje uma operação para investigar um esquema em que associações faziam descontos nas contas de aposentados, sem o consentimento dos beneficiários.
Os descontos aparecem no extrato dos beneficiários, que está disponível no aplicativo Meu INSS. Veja aqui como conferir sua conta.
Uma auditoria da CGU, que embasou a operação da PF, ouviu 1.273 dos listados como supostos associados. Nessa amostra, 97,6% não haviam concordado com as cobranças e 95,9% afirmaram não fazer parte de associação nenhuma.
Ao todo, as 23 entidades suspeitas (Ambec, Conaf, Contag, Caap, entre outras) faziam descontos em 5,4 milhões de contas. Não necessariamente há fraude em todas elas, frisa a CGU, já que a auditoria foi feita por amostragem.
O levantamento, porém, mostra que parte expressiva dos 23,5 milhões de aposentados do Brasil pode ter sido vítima de descontos sem seu consentimento em suas contas.
Um aumento recente nos valores obtidos por essas entidades, assim como uma alta repentina nos pedidos de cancelamento, chamou a atenção da CGU.
Apenas em abril de 2024, 192,5 mil pessoas pediram a exclusão de suas mensalidades associativas. Os pedidos de cancelamento vinham aumentando desde 2022, quando estavam em um patamar de menos de mil por mês.
"Os descontos realizados por entidades associativas apresentaram crescimento atípico nos últimos anos, saindo de R$ 536,3 milhões em 2021 para R$ 1,3 bilhão em 2023, com a possibilidade de alcançar R$ 2,6 bilhões até o final de 2024", afirmou a auditoria da CGU.
O presidente Lula (PT) avisou auxiliares que deve demitir o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, segundo a Folha. Ele já está afastado por determinação da Justiça Federal.
Segundo a PF, a direção do INSS, incluindo o presidente do órgão, agiu para liberar o desconto em folha de aposentados mesmo após uma série de denúncias na imprensa e de órgãos de controle. O caso foi objeto de uma série de reportagens do portal Metrópoles.
O INSS também ignorou alertas do TCU e da CGU sobre as irregularidades, segundo fontes a par da investigação. Apesar de instaurar uma auditoria interna, não agiu para bloquear os descontos na conta dos beneficiários.
A Ambec, uma das associações investigadas, negou irregularidades e disse que não participa da "atividade ostensiva de captação, prospecção e afiliação de seus associados, sendo tais atividades praticadas por empresas privadas diversas, de forma que, se qualquer fraude ocorreu, a associação é tão vítima quanto seus associados".
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