'Rei do lixo', investigado pela PF, emprestou R$ 435 mil a deputado do PSD

Ler resumo da notícia
O empresário Marcos Moura, conhecido como "rei do lixo" por seus contratos de limpeza urbana em prefeituras na Bahia e em outros estados, transferiu R$ 435 mil entre 2017 e 2018 a um deputado federal do PSD, Paulo Magalhães (BA).
Procurado pelo UOL, o deputado disse que os repasses correspondem a dois empréstimos. Ele mostrou os comprovantes de que as quantias foram ressarcidas logo depois.
Segundo ele, o dinheiro foi necessário para cobrir uma dívida que contraiu em um empreendimento rural na época, e o empréstimo não tem relação com sua atividade parlamentar.
Deputado desde 1999, Magalhães é sobrinho de Antônio Carlos Magalhães, o ACM, ex-governador da Bahia e ex-senador, morto em 2007. Antes, foi deputado estadual.
As movimentações foram detectadas em relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) analisado pela PF (Polícia Federal) na Operação Overclean, que investiga um grupo suspeito de fraude a licitações ligado a Moura.
Em 31 de outubro de 2017, Marcos Moura transferiu R$ 185 mil ao deputado pela conta de sua empresa. Quatro meses depois, o parlamentar devolveu os valores, segundo os dados financeiros.
O segundo repasse, de R$ 250 mil, veio em 14 de novembro de 2018. A quantia foi ressarcida pelo deputado em 21 de março de 2019.
Como mostrou o Metrópoles, essas transações suspeitas foram utilizadas pela PF para pedir a busca e apreensão contra Marcos Moura no início de abril deste ano.
O UOL tentou ouvir o empresário, mas não conseguiu localizá-lo.
Até 2007, o deputado Paulo Magalhães era filiado ao DEM, partido de ACM, que depois se fundiu ao PSL para se tornar o União Brasil.
Hoje, porém, Magalhães está no PSD, partido aliado ao PT, no grupo oposto ao do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União) na Bahia.
Marcos Moura tem ou já teve relação de amizade com vários integrantes da família de Antônio Carlos Magalhães, como Paulo Magalhães e ACM Neto.
Por indicação de Neto, Moura hoje integra a executiva e o diretório nacional do União Brasil. É também sócio de uma aeronave com a irmã de ACM Neto, Renata Magalhães.
A Operação Overclean, deflagrada no final de 2024, investiga um grupo suspeito de coordenar um esquema de fraude a licitações em prefeituras e órgãos do governo federal com empresas de limpeza, pavimentação e dedetização.
O inquérito foi enviado ao STF após indícios de pagamento de propina a um assessor do deputado Elmar Nascimento (União-BA). Elmar, que comprou um apartamento da empresa da filha de Marcos Moura, nega irregularidades.
A investigação está sob relatoria do ministro Nunes Marques, que autorizou a terceira fase da operação em abril.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.