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Observatório das Eleições

Edvaldo pode ser reeleito em Aracaju, mas destaque são as delegadas

Edvaldo Nogueira (PDT), prefeito de Aracaju (SE) e candidato à reeleição em 2020 - Reprodução/Facebook
Edvaldo Nogueira (PDT), prefeito de Aracaju (SE) e candidato à reeleição em 2020 Imagem: Reprodução/Facebook

25/10/2020 04h01

Luciana Santana e Pâmella Synthia Santos*

A eleição na capital do menor estado brasileiro, Aracaju, conta com onze candidaturas na disputa pelo cargo de prefeito. Alguns candidatos já são conhecidos na política sergipana, outros têm se apresentado como alternativa à "velha política", sejam eles principiantes ou não.

Sondagens eleitorais realizadas pelo Instituto Ibope/TV Sergipe e divulgadas nos dias 9 e 22 de outubro indicam a probabilidade de segundo turno, mas em um cenário de indefinição. Algumas alterações podem ser observadas entre a primeira e a segunda rodada, mas sem mudanças substantivas no quadro da disputa, conforme gráfico abaixo.

img1 - Dados do IBOPE/TV Sergipe, elaboração do Observatório das Eleições - Dados do IBOPE/TV Sergipe, elaboração do Observatório das Eleições
Intenção de votos nos candidatos à Prefeitura de Aracaju
Imagem: Dados do IBOPE/TV Sergipe, elaboração do Observatório das Eleições

Intenção de votos e apoio aos candidatos

Edvaldo Nogueira (PDT) concorre à reeleição e lidera as pesquisas de intenção de votos do Instituto Ibope/TV Sergipe. Na primeira rodada tinha 32% da intenção de votos e subiu para 34% na segunda rodada, consolidando sua posição. O prefeito tem o apoio do governador Belivaldo Chagas (PSD) e do ex-governador Jackson Barreto (MDB).

Sua maior concorrente até o momento é a Delegada Danielle, filiada ao Cidadania, que mantém a segunda colocação nas pesquisas, mesmo tendo caído dois pontos percentuais na última sondagem, de 21% para 19%. Seu vice é o ex- deputado federal Valadares Filho (PSB) que disputou a eleição de 2016 contra o atual prefeito, que à época era filiado ao PC do B.

Rodrigo Valadares, deputado estadual pelo PTB, é o candidato que apresentou a maior taxa de crescimento: Subiu 4 pontos desde a primeira pesquisa realizada no dia 9 de outubro. Se intitula como cristão conservador e tem insistido na proposta de implementação de escolas militares no município.

Márcio Macêdo, candidato petista, também apresentou crescimento, subindo de 5% para 6%. O candidato coordenou a caravana de Lula pelo Nordeste em 2018, contando com apoio do ex-presidente , da vice-governadora Eliane Aquino, viúva de Marcelo Déda, e do senador Rogério Carvalho.

Georlize, candidata do Democratas, também melhorou sua situação: tinha 3% e agora aparece com 4% da intenção de votos.

Lúcio Flávio (Avante) tem o apoio da ministra Damares Alves e defende a pauta conservadora do presidente Jair Bolsonaro. Na última sondagem, ele caiu de 4% para 3%. Almeida Lima (PRTB) também teve queda de 3% para 2%.

Aléxis Pedrão (PSOL) manteve 2%. O Delegado Paulo Márcio (DC) e Gilvaní Santos (PSTU) tiveram menos de 1%. O candidato Juraci Nunes (PMB) não foi citado na primeira pesquisa e obteve menos de 1% na segunda sondagem.

A porcentagem de entrevistados que pretendem votar branco ou anular seu voto caiu de 18% para 15%. A taxa de indecisos se manteve em 6%.

Eleição das delegadas

O crescente número de candidaturas ligadas à área de segurança pública chama a atenção na eleição deste ano, seja na cabeça da chapa ou como vice. É possível identificar algumas delegadas na disputa do executivo municipal em capitais como Recife, Fortaleza, Goiânia e Rio de Janeiro. Em Aracaju três delegadas participam da disputa: Katarina Feitosa (PDT), Danielle Garcia (Cidadania) e Georlize Teles (Democratas).

Katarina Feitosa é delegada geral da Polícia Civil e foi a indicação do governador para compor a chapa como vice do atual prefeito. Tem se destacado pela larga experiência em cargos de direção na Polícia Civil. Sua indicação tem como estratégia agregar eleitores que buscam novos nomes na política com experiência técnica e perfil conciliador.

A Delegada Danielle foi indicada por Alessandro Vieira (Cidadania). O senador, e também delegado da polícia civil, foi eleito com discurso forte de combate à corrupção e enfrentou políticos tradicionais no estado sergipano. Na capital, ele tem se posicionado no campo oposto ao prefeito aracajuano.

Danielle não possui trajetória na política, mas consagrou seu nome na liderança da Operação Avalanche, responsável por desmontar esquemas de desvio das verbas de subvenções da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese). Ela foi exonerada pelo então governador Jackson Barreto em 2017.

Apesar de não possuir grande expressão, a delegada Georlize leva para a sua candidatura a experiência de ter sido a primeira mulher à frente da Secretaria de Estado da Segurança Pública no governo de João Alves Filho (Democratas). Atuou também na Secretaria Municipal da Cidadania e Defesa Social de Aracaju, também na gestão Alves Filho. Assumiu, ainda, a mesma pasta no município de Estância, localizado no sul do estado.

E para o segundo turno?

Em que pese o contexto favorável ao atual prefeito, a disputa em Aracaju ainda está indefinida, com possibilidade de segundo turno. O cenário mais provável é o confronto entre Edvaldo Nogueira e Delegada Danielle.

Entretanto, não é possível descartar a possibilidade de outro cenário, caso Rodrigo Valadares continue crescendo na disputa.

* Luciana Santana é mestre e doutora em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais, com estância sanduíche na Universidade de Salamanca. É professora adjunta na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), pertence à Red Politólogias, é líder do grupo de pesquisa: Instituições, Comportamento político e Democracia, e atualmente ocupa a vice-diretoria da regional Nordeste da ABCP.
Pâmella Synthia Santos é doutora e mestra em Sociologia e cientista social pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) com pesquisas desenvolvidas sobre Grupos Políticos, Famílias e Partidos.

Esse texto foi elaborado no âmbito do projeto Observatório das Eleições de 2020, que conta com a participação de grupos de pesquisa de várias universidades brasileiras e busca contribuir com o debate público por meio de análises e divulgação de dados. Para mais informações, ver: www.observatoriodaseleicoes.com.br