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Olga Curado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

401.417 mortos. Desprezo, burrice e inépcia são a resposta de Bolsonaro

19.05.2020 - Parentes de vítima da covid-19 após velório em cemitério Parque Taruma, em Manaus - Andre Coelho/Getty Images
19.05.2020 - Parentes de vítima da covid-19 após velório em cemitério Parque Taruma, em Manaus Imagem: Andre Coelho/Getty Images

Colunista do UOL

30/04/2021 10h24Atualizada em 30/04/2021 10h24

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401.417 mortos, ontem às 20 horas.

Luto. A dor compartilhada por milhões de pessoas que choram os que se foram. Os que partiram são perdas irreparáveis. Muitas delas, evitáveis.

Um tributo à dor dos que ficam e à dor dos que se foram.

O Brasil segue em competição consigo mesmo, superando as marcas da tragédia a cada dia, a cada hora, a cada minuto.

O Brasil é o palco da insanidade temerária, da estupidez, da ignorância negacionista, do repúdio à vida. Líderes que foram apontados para garantir a vida são os precursores da morte.

Desprezo e descaso para com os sobreviventes, que enterram os seus mortos sem despedida.

Desprezo e descaso para com os sobreviventes sequelados.

Desprezo e descaso para com os ainda sobreviventes. A inépcia na formulação e na execução de ação pública de governo para matar a fome e reduzir a vergonhosa desigualdade.

São homens públicos, agentes do governo federal ocupando câmeras e microfones para falar besteira, para expor pensamentos que envergonham o país. Os nomes dos porta-vozes são conhecidos, as suas falas são reconhecidas pela repetição ignorante.

Mais importante que aqueles, hoje, importa o luto.

Hoje é mais um dia de luto, em que a contagem do número de vítimas vai além da marca da véspera e aponta para mais um dia, e mais outro dia de tragédia.

Na poltrona da liderança do país refestela-se um capitão reformado, criando um universo paralelo com conversa desconexa. É guiado pela ambição em manter o poder que lhe garanta o salvo-conduto da ignorância, justificada pelos acólitos. Também guiado pela sofreguidão em proteger os achegados.

Hoje é mais um dia de luto. De enterros. E de luta insana pela vida. E de desprezo, descaso, incúria, inépcia de um governo liderado por um homem já condenado pela História, julgadora inclemente, que também irá responsabilizar quem se calou, se omitiu, se beneficiou do luto de tantos.

Um tributo a todos que seguem, apesar da dor. Um tributo a todos que se foram como testemunhas do fracasso de uma nação.